Thursday, August 10, 2006

O epílogo de Adriaanse - Parte II

Adriaanse continuava pregando que Hesselink iria resolver todos os problemas da manobra defensiva (perdão, ofensiva) sentidos, por exemplo, no Torneio de Amesterdão. Ele marcaria golos, jogaria com os dois pés, com a cabeça e só não jogava com as mãos porque isso é falta. Mas por muito que o mister falasse, o Hesselink não aterrava no Porto. O avançado holandês estava ainda no congresso do PSD. Perdão, estava ainda no centro de treinos do PSV. Não menosprezem Adriaanse, ele é rijo. Olha ele aí: "Hesselink é um grande avançado, capaz de marcar golos de uma forma simples". Pois, nem o Jardel dos bons velhos tempos diria melhor. Hesselink era tão somente o homem que iria acabar com a fome do Mundo (perdão, de golos). Confirma-se, Hesselink é o D. Sebastião em versão holandesa, com nevoeiro e tudo. Com Hesselink, Adriaanse não precisava de mais nada, detinha em sua posse a equipa perfeita. Com isto, podia especular-se sobre se o atacante holandês não seria também um salvador, ou seja, uma espécie de encarnação de Jesus Cristo. Ali mesmo, no país das tulipas, Jesus Cristo encarnado (do PSV, certo?) e mais ninguém o sabia. Excepto o profeta Adriaanse, claro. Um Jesus Cristo cifrado em 8 milhões de euros (ai se Judas o soubesse!). Mas descobri uma falha em Adriaanse: não aprofundou o suficiente sobre a literatura portuguesa. Estudou a nossa língua e certamente descobriu alguns autores, mas adivinho que nunca leu o poema "Liberdade" de Fernando Pessoa. O homem que, a seguir ao 'special one', foi campeão no Porto não fora tão astuto como parecia. Se conhecesse o poema citado, constataria que Vennegoor "D.Sebastião" of "Jesus Cristo" Hesselink é um embuste. Fernando Pessoa disse-o claramente: "O mais do que isto/É Jesus Cristo,/Que não sabia nada de finanças/Nem consta que tivesse biblioteca..." Caiu a máscara de Hesselink e a de....Adriaanse, que não era o tal profeta que referi, mas sim o próprio Jesus Cristo! Se Adriaanse percebesse de finanças, não seria tão insistente na aquisição do afinal simples e pacato futebolista holandês avaliado em 8 milhões de euros. Por outro lado, se tivesse biblioteca, depressa encontraria os livros da sensatez e da gratidão. E no meio disto tudo, salvam-se os poetas (como Pinto da Costa, claro!). Esses seres incompreendidos por Platão (e mais alguns) emergem sempre à superfície, sem nunca se demitirem das suas causas. Eles têm sempre razão. Em jeito de despedida, deixo mais uma pérola da literatura portuguesa ao mister Adriaanse. Estou certo de que lhe será útil para a sua carreira e para a vida. Previno-o somente para não ler isto durante o almoço ou o jantar, sob pena de ter uma qualquer indigestão ou de estar a fazer esperar alguém. Mister Adriaanse, obrigado por ter feito do Porto campeão, afinal, o clube fez o mesmo por si. Agora que foi embora, o mister bem que podia levar consigo as camisolas laranja que conceberam em sua homenagem. Mister, fique com as palavras do poeta: "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena". Vemo-nos noutra vida!

1 Comments:

At 03:25, Blogger AZZAI. COM said...

Hi! greeting from Malaysia.

 

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