Sunday, October 29, 2006

8ª Jornada da Liga: FC Porto 3-2 SL Benfica

Viva o futebol, carago!!!

Realizou-se ontem, no Estádio do Dragão, o Porto-Benfica, afinal, o grande móbil deste projecto bloguístico. O Porto-Benfica foi um autêntico Clássico: emoção com fartura, muitos golos, incerteza no marcador, belíssimo futebol, muito público, enfim, juntaram-se todos os ingredientes para cozinhar um grande jogo de futebol. Este clássico deveria ser mostrado aos putos nas escolas de futebol. Deveria até ser proibido jogar senão assim! Realce para a lição que deram os artistas de campo aos 'jeitosos palradores' que ameaçaram estragar o espectáculo. O Porto-Benfica foi de cair para o lado. Não só para quem estava em campo constantemente a escorregar (firmeza, Fucile!), mas também para quem estava nas bancadas a levar choques eléctricos devido à intensidade das duas correntes do jogo (e querem aumentar o preço da electricidade, hein!). As equipas subiram ao relvado num espectacular Dragão pintado de azul. Belíssima a coreografia que recebeu os artistas. Os benfiquistas não passavam certamente das duas centenas. Vislumbravam-se pouquíssimos adeptos avulsos, principalmente casais e crianças, enquanto que as claques encarnadas tiveram uma presença residual (e até camuflada). No entanto, 50 223 espectadores bateram o recorde de assistência do Dragão em jogos para a Liga Portuguesa. Soprado o apito, o Porto desde logo assumiu a partida. 10 minutos volvidos após o toque de Lucílio Baptista, Lucho Gonzalez quase inaugurou o marcador. Num canto, o argentino apanhou a bola e chutou contra o corpo de Quim. De seguida, que um clássico é vivo, o primeiro golo do FCP. Postiga fora da área recebeu a bola, rodou sobre Rocha e rematou de pé esquerdo. A bola bateu em Lisandro, mudou de direcção e enganou Quim. O primeiro golo do FC Porto, aos 13 minutos! E porque os portistas estavam com pressa, pois têm mais o que fazer já na Quarta-Feira, Quaresma ensaiou o segundo golo dos azuis aos 15'. Ensaiou, porque a jogada foi transposta a papel químico para o minuto 20. Aí, Quaresma trocou as voltas a Nélson, fez tudo direitinho como fizera 5 min. antes, mas agora foi tempo de instaurar um carácter mais simbólico ao momento. Portanto, o remate em arco caiu direitinho nas redes de Quim. Uma delícia que os Diabos Vermelhos seguramente aplaudiram no preciso momento em que entravam no Dragão mais azul que já viram na vida. Antes do segundo golo do Porto, Léo teve, aos 17', uma boa oportunidade de marcar. Fez uma boa jogada pela esquerda e rematou com o pé direito, a bola passou perto do poste de Helton. Aos 25', deu-se o 'crime' o jogo! Anderson sofreu uma duríssima entrada de Katsouranis e teve de ser substituído. O crime compensa porque nem foi marcada falta, nem mostrada cartolina amarela e o Clássico perdeu o 'cara' com o look mais in do futebol português. Esperemos pela confirmação da gravidade da lesão, isto depois de Anderson ter falhado o Sporting por.....lesão. "Joguem à bola..." (e por aqui me fico!) Reatado o jogo, o SLB criou perigo por Paulo Jorge. O benfiquista cruzou na esquerda, a bola sobrou para Kikin, que disparou para uma parada espectacular de Helton. Na recarga, o Kat grego, que nem precisa de ser preto para dar azar a portugueses e brasileiros, mandou o esférico para as nuvens. Em cima do intervalo, Léo fabricou uma boa oportunidade para o Benfica. Desceu o corredor esquerdo e atrasou para Paulo Jorge disparar. Porém, o goleiro do Porto deu música ao Paulo, mas impediu-o de cantar golo, não fosse ele armar-se em Marco. Ao intervalo, o Porto vencia por 2-0, tendo feito uma excelente primeira parte, apesar de consentir na recta final um ascendente dos lisboetas. Na 2ª parte, o Porto foi sol de pouca dura. Aos 55 minutos, o Porto ainda disfarçou o descalabro que se sucedeu. Postiga rematou fora da área e Quim sacudiu para canto. A partir daqui, o jogou mudou radicalmente. O Porto recuou em demasia e deixou a equipa encarnada tomar a iniciativa do jogo. O Benfica cresceu e foi com naturalidade que chegou ao golo. Canto na esquerda cobrado por Simão e, sem oposição, Katsouranis reduziu de cabeça a diferença para um golo, ao minuto 63. Se na 1ª parte me senti eufórico, inebriado e feliz, salivando por um resultado gordo, a 2ª parte rapidamente me saciou e só queria o fim do jogo para manter a vantagenzinha conseguida. Mas para mal dos meus pecados, a 2ª parte ainda ia practicamente no início. O Porto da 1ª parte tinha ficado, incompreensivelmente, no balneário! O golo do SLB foi o balão de oxigénio que os benfiquistas precisavam para suspirar por um empate. O Porto foi o responsável único por deixar o Benfica respirar. Com um Porto aturdido, o Benfica acelarou e chegou mesmo ao segundo golo. O cronómetro marcava 81' minutos, quando Cech perdeu a bola na área benfiquista. No contra-ataque, Nuno Gomes passou a bola para Mantorras, o angolano entregou-a a Nélson e o lateral cruzou para a área do Porto onde o Nuno juntou ao primeiro nome o apelido 'Golos'. Empate no Dragão ao minuto 81'. Eu gelei como se já estivesse no Inverno que aí vem (e ontem que até esteve uma temperatura ambiente quente). Neste jogo vivi todos os estados emocionais que a Psicologia estudou e mais aqueles que só eu e a minha cadeira azul sabemos. O Benfica chegava ao empate neste Clássico épico. Benfiquistas exultavam de alegria e congratulavam-se mutuamente. Mas o jogo não tinha ainda acabado. De tanto rápido que foi o clássico, abriu-se um precedente e o jogo contou com uma inédita 3ª parte. Claro que essa parte extra só foi possível devido aos conhecimentos de Bruno Moraes. É que o brasileiro conhece gente influente! Aos 90+2, com o Benfica a dominar a partida, o Porto beneficia de um lançamento de linha lateral. Fucile, desta vez, cravou os pitons na relva, lançou a bola para a área, ela saltou em Pepe e em Rocha, sobrou para Moraes, ele esticou-se, cabeceou e.........PUM: o Dragão veio abaixo!!!! Indescritível o momento louco que se viveu naquele Estádio. Se havia alguém em campo que merecia marcar o golo da vitória neste Clássico, repartido de domínios por partes, esse alguém era Bruno Moraes. Depois dos 15 meses de calvário provocado por lesões, Bruno Moraes correu para junto dos Super Dragões e abraçou-os. Porém, naquele instante, não houve adepto azul que não se envolvesse no abraço colectivo a Bruno Moraes. O Porto venceu o eterno rival, mesmo no cair do pano. Se o grande ausente desta partida, o italiano Miccoli, estivesse em campo na altura do 3-2, certamente que ergueria o braço, uniria todas as pontas dos seus dedos, gesticularia repetidas vezes e soltaria o típico: "Mamma mia!". Quem disse que o futebol é injusto? Quem disse que os deuses do futebol também não rabiscam naqueles cadernos marados, escrevendo direito por linhas tortas? Claro que o Porto teve sorte, mas não há Campeões sem ela! O Futebol Clube do Porto foi indiscutivelmente melhor na 1ª parte, o Sport Lisboa e Benfica foi indiscutivelmente melhor na 2ª e Bruno Moraes foi o herói da 3ª parte deste encontro de titãs! Fundamentalmente, quem ganhou foi o futebol e todos aqueles que tiveram o privilégio de assistir ao jogo. Vivam os futebolistas!!! Vivam os adeptos!!! Viva o Porto-Benfica!!! Viva o futebol, carago!!! "Ai, carago não, carago!"

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