7ª Jornada da Liga: Sporting CP 1-1 FC Porto
Barba e cabelo
No primeiro clássico da época, o FC Porto empatou a um golo, em Alvalade. Leões e Dragões iniciaram e findaram este jogo de garras bem dadas. Inseparáveis como Bucha e Estica, Abrunhosa e óculos ou Vieira e apitos. O Sporting a jogar no seu covil imprimiu um maior domínio, tentando escapar na classificação ao outro rei da selva futebolística. Por seu turno, o Porto adoptou uma estratégia mais moderada a pensar em suster o ímpeto sportinguista. Prova desse comedimento, foi a presença de Assunção no lugar do lesionado Anderson. O terreno pesado pela queda de chuva, também terá influenciado Jesualdo na hora de formar um onze. O S. Pedro, que só aprecia desportos náuticos, teve fé nos artistas e desafiou-os a mostrar as suas potencialidades em contexto húmido. Dadas as condições, os rapazes até nem se sairam mal. Mesmo impedidos de exibirem a plenitude dos seus dotes, alguns transpiraram laivos da sua genialidade. É certo que Nani se mostrou pouco, Lucho idem, mas Yannick Djaló e Quaresma não deixaram as tintas, os cinzéis e os esquadros, por pés alheios. Ambos aproveitaram para expôr o talento nessa enorme galeria que é Alvalade. O Sporting, tal como era esperado, entrou «à leão». Forte, decidido, intimidando o Porto. Logo aos 4 minutos, Paredes teve oportunidade de cabecear perigosamente para a baliza de Helton, mas o brasileiro negou o golo com classe. O Porto ia aguentando como podia as iniciativas leoninas, mas lembrava também que o jogo tinha tinha dois sentidos. Lucho, aos 14', lançou Quaresma, que galgou terreno, chutou cruzado e a bola passou com perigo junto do poste da baliza de Ricardo. O Sporting pressionava em busca de um golo que esteve perto de acontecer, aos 19'. Helton subiu ao 3º anel para apanhar a bola, quando chocou com Bruno Alves, numa clara falha de comunicação. Ao ver a pobre bola sem dono, Liedson tentou reclamar, pelo menos, o prémio que seria o golo. Não teve sucesso o baiano. O Porto diminuía o seu caudal ofensivo e retraía-se perante o Sporting. Com tanta cerimónia do Porto na busca do golo, a turma de Alvalade achou que devia ser ela a festejar qualquer coisa. "E que tal um golo?" interrogavam-se em uníssono. Feitas as súplicas e esgotados os suspiros, o balançar das redes chegou por intermédio de Yannick Djaló. Decorria o minuto 43, quando Nani cruzou para o internacional sub-21 português marcar sem oposição (incompreensivelmente, desabafo eu) o golo dos lisboetas. O Sporting chegava à vantagem, poucos minutos antes do árbitro acabar com o recreio. A equipa da capital portuguesa liderava com justiça o marcador. Ao intervalo entrou Jorginho, também conhecido como o fantasma que assombra Alvalade há três anos consecutivos! Desta vez, não marcou mas funcionou bem como alavanca atacante dos azuis, na ausência do 'gripado' motor Anderson. A 2ª parte iniciou com uma maior vivacidade do Porto. Quaresma trabalhou bem na esquerda, efectuou uma mescla de cruzamento e remate, fazendo com que o 'Labreca' defendesse com dificuldade para canto. Uma jogada «à Quaresma», no reatar das emoções. O Porto não pediu licença, adulterou, a seu favor, o ditado e fez do azul a cor da esperança. E do canto resultou o empate. Confusão na área leonina, a bola deambulou pelo ar, Bruno Alves fez um balão, Ricardo sacodiu para a frente e apareceu Quaresma a fuzilar as redes dos verdes!!! Se os sportinguistas estavam 'azuis' de ver Quaresma, demonstrando-o com repetidos apupos, então rebentaram de fúria pictórica quando o Mustang-Harry-Potter-Cigano-Ratazana-Trivelas-e-não-me-lembro-de-mais-nada marcou o golo do FCP. Quaresma a pagar na mesma mo€da a provocação dos verdes. Com o empate, o Porto readoptou a estratégia da 1ª parte. Procurou controlar a partida e consegui-o. O Sporting apesar de continuar a ser a equipa mais perigosa em campo, não detinha já o domínio que exercera antes do intervalo. O cronómetro marcava 62 minutos, quando Paredes obrigou Helton a aplicar-se. O paraguaio efectuou um cruzamento-remate a que o 'goleiro' mais 'legal' de Portugal respondeu com uma defesa vistosa para canto. Passaram 22 minutos minutos sobre este lance (minuto 84, portanto) quando o «Levezinho» congelou os corações dos presentes. De fanicos a colapsos, todos entraram em processo de enfartamento do miocárdio. Não é que o 31 do Sporting queria armar um 31 ao Porto? Tanto esforço, sacrifício e sofrimento dos azuis para aguentar um empate e eis que surgia Liedson a querer 'brincar' aos justiceiros?! Porém, o brasileiro não atingiu a justiça que se assiste em filmes. O baiano elevou-se à concorrência e cabeceou à trave da baliza dos nortenhos. Passaria pouco tempo até à chegada do apito final, com a curiosidade de ser o Porto a espreitar a baliza do Sporting. A única nota triste prende-se com o facto de Alvalade não ter tido mais público para o clássico. No entanto, não creio que os lugares vazios se devam à acção de S. Pedro, o desmancha-prazeres (a seguir ao FCP, pensarão os sportinguistas). 37 136 espectadores picaram o ponto em Alvalade. A adesão abaixo das expectativas deverá agradar sobremaneira aos dirigentes que, com €uros a mais, fomentam o esvaziamento dos estádios e o progressivo desinteresse das pessoas pelo futebol. No rescaldo, Jesualdo gostou do resultado e Bento da exibição. Destaque para o desempenho de Helton, o melhor em campo. Helton que pode ter tudo, desde a excelência até à simpatia, mas não tem, garantidamente, piolhos. Ao que parece deixou esse incómodo para Paulo Bento, que há-de coçar a cabeça e eriçar o seu famoso cabelo cada vez que ouvir:«Futebol Clube do Porto». Todavia, um clássico raramente é decisivo nas contas finais. Até porque os campeonatos ganham-se contra os pequenos grandes obstáculos. Mas este adágio todos sabem, é tão velho que já tem barbas!!! Que venha o Porto-Benfica!!!
0 Comments:
Post a Comment
<< Home