Sunday, September 24, 2006

4ª Jornada da Liga: FC Porto 3-0 Beira-Mar

Música, Maestro!

Foi numa sexta-feira às 19h15m (!) que o FC Porto recebeu e venceu o Beira-Mar por três a zero, num 'Dragão' com 31423 espectadores. Depois de se ter refrescado no mar da Figueira da Foz, o Porto continuou à descoberta da orla marítima futebolística. Num país à beira-mar plantado, o Beira-Mar plantou o país na expectativa. Conseguiria o Porto a 4ª vitória consecutiva para o campeonato? Iria Jardel marcar um golo? Estalaria neste jogo a crise que muitos pomposamente anunciavam depois da desistência de Adriaanse? Pois bem, o Beira-Mar encarregou-se de deixar, na 1ª parte, todas as perguntas sem resposta. Um pouco de suspense também nunca fez mal a ninguém. A cada lance, os corações azuis palpitavam por um golo, mas a bola não obedecia às preces dos invictos. Todavia, cada vez que nos tentam asfixiar pelo passar do tempo, invocamos a Dona Esperança. Portista desde pequenina e com influência naquele enorme Big Ben londrino que controla o tempo do Mundo. Contudo, a melhor ocasião de golo da 1ª parte pertenceu ao Beira-Mar. Aos 18 min., o clube de Aveiro foi pela 1ª vez à baliza de Helton. Tininho foi mais rápido que Bosingwa e Ratinho rematou para o guarda-redes brasileiro do Porto defender espectacularmente. Mas seria isto uma ameaça do Beira-Mar? Bem, como diria o outro, se foi uma ameaça, os aveirenses não sabiam com quem se estavam a meter. O intervalo chegou com um nulo no marcador. Quem estava satisfeito? Porto ou Beira-Mar? Se o objectivo do Porto era marcar cedo para depois gerir o resultado e o esforço, então a missão falhou. Se, por outro lado, pretendia esconder o seu jogo e Anderson dos espiões ingleses, então a estratégia triunfou em pleno. É sabido por todos que depois do intervalo os espiões ingleses ou vão embora porque não conseguem aturar futebol defensivo e chato, ou então perdem-se irremediavelmente com um Porto líquido. Consciente desta situação, Jesualdo Ferreira tirou o devido proveito da mesma. Pela entrada de Anderson ao intervalo, juntamente com Lisandro, percebe-se que Jesualdo seguiu à risca o plano B. Despachado o britânico, era hora (a Dona Esperança raramente falha) da música ecoar pelo 'Dragão'. Anderson foi o maestro (onde é que eu já ouvi isto?) de serviço. A 2ª parte deste jogo foi uma viagem maravilhosa por ritmos e coreografias surpreendentes. Notas de música invadiram o relvado e toda a tribo do futebol dançou entusiasticamente. Sinfonias viciantes eram concretizadas sem recurso a pauta. Mesmo o referido maestro Anderson dispensava a batuta. Para quê batuta se a divagação experimental estava a sair tão bem. E que bem que continuou. O pico de sublimação aconteceu ao minuto 54. Hélder Postiga, após passe de Assunção, no meio de três adversários, rodou sobre eles e disparou com o pé esquerdo para o fundo da baliza aveirense. Terminou o jejum de um ano e 137 dias sem marcar! As bancadas uniam-se aos jogadores numa corrente de energia ímpar. Execuções perfeitas de Anderson e Quaresma deliciavam uma plateia sequiosa. A arte futebolística atingia o seu esplendor. Artistas com a bola nos pés são garantia de satisfação da alma. E Anderson não parava. Toque para aqui, toque para ali, numa sincronia de pés perfeita. Tal como não parava a vontade de marcar mais. Saciem-se os desejos, então. Ou melhor, Lisandro que o satisfaça por nós. Aos 75', o argentino escapou-se velozmente mas quando parecia ter perdido para Alcaraz, tocou a bola num passo de tango e fê-la entrar deliciosamente pachorrenta na baliza de Danrlei. Não são necessárias repetições em câmara lenta para a dança argentina. O minuto 78 é só de Mário Jardel. Ele não voou sobre os centrais, mas o seu passado deu-nos asas para respeitarmos eternamente o Senhor Golo. Saiu Jardel mas o espectáculo tinha de continuar. E foi mesmo sobre o último sopro do trompetista-mor que Tarik concluiu da melhor maneira o concerto. Após combinação com Lisandro, Tarik ficou na cara de Danrlei e só teve de escolher o lado para marcar. O entretenimento ficou por ali, embora prometesse mais se continuasse. Mais acordes de magia, mais danças de pés velozes e mais prenúncios de golos sem censura imaginativa. Porque alguma da mais bela música faz-se sem instrumentos.

1 Comments:

At 00:30, Anonymous Anonymous said...

À medida que a Superliga de futebol avança no calendário e que o Gil Vicente continua a faltar aos jogos, aumenta a emoção fora das quatro linhas. Os grandes protagonistas têm sido Valentim Loureiro e Luís Filipe Vieira (e a ordem não é arbitrária...). Primeiro foi o presidente do Benfica a dizer umas coisas na RTP1, de que o presidente do Boavista, perdão, da Liga de Clubes, não gostou. E revelou o que sentia com toda a transparência: "Não se meta comigo. Não se meta comigo...", ordenou Valentim, falando para o antigo comerciante de pneus através das câmaras de televisão. A resposta do sulista não se fez esperar: "Nem sabe com quem é que se está a meter", afiançou o presidente do Benfica. Será que os dois não têm coragem para avançar um pouco mais na linguagem? Será que não vamos ficar a saber o que irá acontecer se Vieira não se meter com Valentim? Será que não vamos ficar a conhecer Vieira só porque Valentim não se vai meter com ele? Vá lá, avancem em direcção à baliza de cada um! Ataquem pelos flancos ou pelo meio! Senhor Vieira, meta-se com o senhor major! Senhor major, meta-se com o senhor Vieira! Estamos todos à espera de boas histórias! E quanto mais edificantes, melhor!...

 

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