Champions League: Hamburguer SV 1-3 FC Porto
Família de Lucho
O FC Porto fez o que lhe competia e venceu de forma clara o Hamburguer SV. O Porto foi indubitavelmente a melhor equipa em campo, dominando o jogo em todos os aspectos. Começando pelo clímax da partida, Lucho González foi autor de um golo «lindo», como o próprio o classificou. Faltava um minuto para o intervalo. Lucho lançou Quaresma na direita. O extremo cruzou para a área alemã mas Mathijsen aliviou a bola para frente. Um instinto do defesa do Hamburguer SV, que nem em sonhos teria visualizado o que aconteceu de seguida. A bola magoada com quem se queria ver livre dela, vingou-se desse desprezo. Nem esperou para cair desconsolada na realidade. Deixou-se levitar, esperando que um jogador de futebol partilhasse com ela um momento de 'Luchúria'. Num diálogo mudo, Lucho González ocupou o lugar de 'cavaleiro andante' que aquela bola ansiava ver preenchido. O argentino correu para ela, não a deixou cair no mal tratado tapete, indigno de uma princesa, e enviou-a com classe para o sítio onde se sente feliz. O beijo nas redes foi um dos momentos mais românticos a que se pode assistir nesse imenso rol de amores banais. Lucho confessou, há uns tempos atrás, que o melhor golo da carreira havia sido conseguido ao serviço do River Plate. Certamente que este último golo deu-lhe razões para repensar a escala pessoal de golos. O Hamburguer SV-FC Porto revestia-se de importância vital para qualquer um dos envolvidos. Se os alemães jogavam a última oportunidade de continuar nas competições da UEFA, o 'time' português aspirava não perder o comboio com destino aos oitavos-de-final da Champions League. O Porto cedo iniciou o assalto ao meio-campo contrário. O triângulo composto por Assunção, Meireles e Lucho ganhava predomínio e assumia os destinos do jogo. Na 1ª parte, o FCP desenhou oportunidades suficientes para construir um sólido e agradável resultado. No entanto, os arquitectos azuis esbarraram sempre no azar. Este, manifestava-se mais do que a intransigência dos defensores do Hamburguer SV. Quem quer que fosse apologista desse 0-0 com que ameaçava terminar a 1ª parte, rendeu-se, garantidamente, ao golão do Capitão do Porto. Fantástico golo de Lucho González! Imagine-se há quanto tempo corre desenfreadamente o seu primo Speedy, almejando por um golo assim! A Argentina agradecerá a Lucho o rasto de magia que o seu golo provocou. Porém, a 'Nación Celeste' também se deve orgulhar do outro filho. Lisandro Lopez que, no intervalo, conferiu o plano do futurólogo Jesualdo (o(s) Santos que se cuide(m)!), adivinhou o cruzamento de Quaresma e numa dança de 'xutos & pontapés' enfiou a redondinha na baliza de Kirschstein. O relógio do AOL Arena marcava 61 minutos. Os mais de mil portistas exultavam com a demonstração de superioridade em território bávaro. Com o jogo na mão, o Porto podia manter a posse de bola, inviabilizando que a mesma circulasse perigosamente nas redondezas da sua área. Com o jogo perdido, com a vida a andar para trás, com o treinador cada vez mais na iminência de cair do banco de suplentes, o Hamburguer SV investia tudo num milagre. Não sei se o Capitão Van der Vaart acredita nessas coisas, mas que ao minuto 62 conseguiu marcar, ai isso conseguiu! Numa falha defensiva do Porto, o holândes cabeceou para o fundo da baliza de Helton, que nada podia fazer. Embalado pela súbita energia positiva e não querendo que se esvaziasse o pulmão alemão, Thomas Doll fez entrar Berisha. Também não sei se Berisha ou Thomas Doll têm a capacidade de ressuscitar momentos já passados mas o que é certo, é que, ao minuto 66, pairou na AOL Arena um clima de quase «déjà vu». E que eu saiba a Beyoncé nem estava lá. O equipamento encarnado do Hamburguer SV dava algumas pistas para esse pretenso enguiço, mas os intérpretes da façanha de Sábado passado estavam entretidos na Capital portuguesa a jogar com o Celtic de Glasgow. Portanto, a teoria de que foram invocados os espíritos de Sábado passado para o jogo da AOL Arena, não fazia sentido. Como tal, o remate de Berisha só podia embater no poste. Mas para se precaver contra eventuais fenómenos paranormais, Jesualdo Ferreira lançou em campo o mais recente, mas já predilecto, caça-fantasmas: Bruno Moraes. O ligeiro empolgamento dos vermelhos de Hamburgo tinha de ser estancado. A posse de bola era o antídoto mais eficaz que o Porto podia fazer valer. Porém, Bruno Moraes, o especialista na cessação de situações ruins, deu a estocada final na esperança alemã de chegar à igualdade. Jorginho seguia em direcção à baliza germânica, passou a bola a Moraes e do trabalho do ex-Santos resultou o 3º golo do FCP. Moraes nem deixou chegar o último minuto do prolongamento. Ao 87º minuto, o brasileiro cortou de raíz o suspense e festejou com os companheiros a justíssima vitória alcançada. No final, os jogadores agradeceram ao público portista e pensaram em quem ficou na Invicta a desejar uma vitória. Adeptos, jogadores não convocados e especialmente Anderson. Ele que pedira antes do jogo uma vitória aos «maninhos, paizinhos e vovozinhos». Com uma família assim, quem é que precisa de enganar o seu coração e arranjar uma substituta? Toma moleque, a vitória é tua!
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