Ídolos: Jorge Costa
A devoção de um Capitão
Jorge Costa anunciou, no passado dia 5 de Outubro, a sua retirada oficial dos relvados. Esta é uma notícia triste para todos aqueles que admiravam o futebol do 'Bicho'. Alguns dos melhores momentos da vastíssima História do FC Porto, como o Pentacampeonato, a Taça UEFA, a Liga dos Campeões e a Taça Intercontinental, foram construídos sob a égide do carismático Capitão. Quanta alegria e quanto orgulho sentimos ao vê-lo gravar as impressões digitais em cada taça conquistada. Ele que personificava, em campo, a raça, a mística, a ambição de um clube, de um povo e de uma região. O 'Bicho', como era tratado pelos companheiros, deu muito ao FCP. Apesar de alguns momentos menos felizes com Octávio Machado e Co Adriaanse, Jorge Costa merece receber uma homenagem do clube que ama. O líder de um grupo que foi campeão dentro e fora de fronteiras merece entrar num Dragão cheio e ouvir ecoar o seu nome pelas bancadas, num efusivo grito de gratidão. Porém, ninguém sabe se tal homenagem vai ou não realizar-se. Pessoalmente, gostaria que acontecesse já hoje, no FC Porto-Marítimo. O grande Capitão comemora 35 anos de vida e nada melhor do que esta data para prestar tributo ao homem e à sua carreira repleta de títulos. Jorge Costa dedicou 13 épocas ao FC Porto, num percurso com 16 anos como profissional. Ingressou no Porto, enquanto juvenil, vindo do FC Foz. Esteve emprestado ao Marítimo e ao Penafiel antes de consolidar a sua posição de dragão ao peito, na temporada de 92/93. Jogou ao lado de grandes craques como Aloísio, Fernando Couto e, mais tarde, Ricardo Carvalho. A sua influência no clube viria a ser reconhecida no ínicio da época 97/98. João Pinto (outro destacado Senhor Capitão) ofereceu-lhe a braçadeira e a mítica camisola nº 2. A sua designação para capitão assentou, certamente, em predicados que Jorge Costa transpirava como a liderança em campo e o carisma. O «Senhor Porto» era a voz de comando que com um berro estridente empurrava toda a sua equipa para a frente e, ao mesmo tempo, intimidava os avançados contrários. Jorge Costa era e sempre será uma referência para os adeptos e um exemplo para todos aqueles que têm o privilégio de vestir a nossa camisola. Jorge Costa era um futebolista transparente, à moda antiga, que fazia das tripas coração. O capitão quis ser eternamente fiel ao seu clube e aos adeptos que tanto o idolatravam. Apenas deixou o seu clube quando foi practicamente 'obrigado' a emigrar, primeiro para o Charlton e depois para o Standard de Liège. Nunca se ouviu da boca dele o "ah e tal, se aparecer uma proposta boa para mim e para o clube....", que hoje em dia está em voga no futebol. Nada disso. Jorge Costa sempre marcou a sua diferença. Exemplos de futebolistas que cumprem quase toda a carreira num mesmo clube já não abundam por aí. O seu coração sempre bombeou sangue azul e todos percebiam que no final de cada jogo a sua pele ficava em campo. A garra, a determinação, a capacidade de sofrimento (marcada nas 5 operações aos joelhos), a vontade de vencer, a paixão pelo clube e todo o espólio deixado no museu azul, perdurarão sempre na memória de todos os portistas. Se a 'tal' homenagem oficial do clube nunca acontecer, então resta a cada fã, da forma possível, parabenizar o grande campeão que tanto júbilo nos proporcionou. A forma resoluta que sempre empreendeu na defesa do símbolo do nosso clube merece todo o nosso respeito e reconhecimento. Neste espaço, aproveito para expressar o quão estou grato. Não haverá quem ignore a obra de um Mestre. Mestre do futebol, mas mais importante que tudo, Mestre do sentir uma paixão colectiva chamada Futebol Clube do Porto. NUNCA TE ESQUECEREMOS JORGE COSTA. OBRIGADO POR TUDO e.....até já.
Aqui fica o cunho de Jorge Costa:
-Campeão português: 92/93, 94/95, 95/96, 96/97, 97/98, 98/99, 02/03 e 03/04
-Taça de Portugal: 93/94, 97/98, 99/00, 00/01 e 02/03
-Supertaça de Portugal: 93/94, 94/95, 98/99, 99/00, 01/02, 03/04 e 04/05
-Taça Uefa: 02/03
-Liga dos Campeões: 03/04
-Taça Intercontinental: 04/05
-Campeão mundial de sub-20 em 1991
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