Thursday, October 05, 2006

5ª Jornada da Liga: Braga 2-1 FC Porto

Katrina? Gordon? Não, Braga!

Aconteceu, em Braga, a primeira derrota do FC Porto para o campeonato nacional. Neste jogo, a perda da invencibilidade foi tão inevitável como uma qualquer catástrofe provocada pela força da natureza. O SC Braga foi a tempestade que varreu a população atónita vestida de azul às riscas. Esta, não foi sequer uma tempestade de fazer em copos. Foi mesmo a valer! E o futebol do Porto foi curto e pouco, fraco e amorfo, mau e mau. Importa ressalvar que o Braga foi o grande opositor que o Porto ainda não tinha encontrado na Liga. Depois do Arsenal londrino, o homónimo de Braga não veio nada a calhar. O Sporting da Cidade dos Arcebispos também participou na ronda europeia e conseguiu o apuramento para a fase de grupos da UEFA ao bater o Chievo, na Cidade de Romeu e Julieta. Contudo, teve de jogar um prolongamento, sofrendo um desgaste considerável no périplo por terras transalpinas. Pensar-se-ia nisso como uma vantagem para o Porto, mas o decorrer da partida foi um desmentido categórico. Foi, sem dúvida, um motivo de inveja assistir a um Braga tão disponível, veloz e dinâmico. E se o Braga, na noite de Segunda-Feira, foi nome de furacão como Gordon, Helena ou Katrina, o Porto engalanou-se de vítima deliberada e descuidada. Inicialmente, o grémio azul até parecia dar mostras de querer precaver-se contra eventuais prejuízos, mas Lucho desmentiu-o. Ao minuto 4, o argentino recebeu isolado a bola de Quaresma, correu para Paulo Santos e chutou contra o corpo do guarda-redes bracarense. 'El Capitan' ainda tentou a recarga, mas sem efeito práctico. Lucho não marcou e pôs a nu o desleixo contra possíveis adversidades. Gorada a possibilidade de um argentino caçador de tempestades se intrometer na sua acção, o Braga alimentou a esperança de somar três pontos contra o campeão nacional. A invencibilidade do Porto, no campeonato, já seria suficiente para abrir apetites vorazes em época de caça aos três pontos. A isso, poderia juntar-se a solidez de uma defesa que apenas tinha consentido um golo. Mas não bastaram esses estímulos, o Porto teve de mostrar, explicitamente, que era um alvo a abater. E o minuto 4 foi o sinal que o Braga precisava para estar à vontade. Caía a chuva e soprava forte o vento. Indícios de que o pior estava mesmo para vir. E veio. O tufão de Braga trazia rajadas de ventos agrestes que empurravam os portistas para a defesa. A intempérie atacante do Braga sugava energia aos 'blues'. E não havia sinal de melhoria do tempo. Pelo contrário. Hugo Leal fez jus ao seu apelido e voluntariou-se para com os seus. Ganhou a bola a Assunção e passou-a para Wender. O brasileiro cruzou para Marcel que, sem oposição, inaugurou o marcador. Mas perguntam vocês: " E o Porto não tinha defesas para marcar Marcel?". Ora, defesas até tinha, mas Bruno Alves foi surpreendido com a fuga de Marcel e Ezequias (ele é defesa-esquerdo, mas não digam a ninguém) achou por bem marcar o citado colega de equipa, não fosse ele fazer auto-golo. E anulou-o com eficácia, diga-se. Com tanta que Marcel parece ter lacrimejado de solidão ao empurrar a bola para dentro da baliza de Helton, ao 25º minuto. O meio-campo do Braga superiorizava-se, claramente, ao do Porto, com Madrid a exteriorizar as suas 'ganas'. Jesualdo optou por substituir Assunção por Lisandro, numa altura em que o furacão arsenalista atingia a escala máxima. O Braga dominava o jogo sem que o Porto, aparentemente, pudesse ripostar. Eis que, numa surpreendente acalmia da fúria intempestiva bracarense, Quaresma recebe a bola de Lucho e cruza para a cabeça de Postiga empatar a partida, ao minuto 42. Um golo contra a corrente do temporal. Fizeram-se 15 minutos de tréguas, até tudo começar tudo de novo. Braga ao ataque, Porto a ser atacado. Aguaceiros abatiam a baliza de Helton, enquanto Paulo Santos secava de tédio. E tinha razões para isso. O primeiro remate do Porto, na 2ª parte, aconteceu a vinte minutos do fim. Porém, antes disso, o Braga marcou. Foi ao minuto 56. Quaresma perdeu a bola, para Luís Filipe, antes da linha de meio-campo. O lateral do Braga seguiu sozinho, com espaço e tempo para medir a intensidade do vento, a baliza, escolher os gomos da bola em melhor estado e chutar fora da área sem que alguém do FCP fosse ter com ele! Aos 81 min., Anderson rematou pela primeira vez à baliza. No período final, já com Vieirinha e Alan em campo, o Porto conseguiu equilibrar a contenda. Esteve mesmo perto de igualar o jogo ao minuto 86. Bruno Alves na esquerda cruzou para a área onde apareceu Licha a cabecear e foi por um triz que a bola não entrou na baliza. Todavia, o Braga foi forte demais. Naquela noite, não havia guarda-chuva que valesse ao Porto. O dragão molhou-se à séria! Perdeu e...bem. Para não repetir, se fazem favor.

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