Sunday, December 10, 2006

Champions League: FC Porto 0-0 Arsenal

Postes da concórdia

O Futebol Clube do Porto empatou 0-0 com o Arsenal e garantiu a qualificação para os oitavos-de-final da Champions League. Num jogo onde não era imperioso vencer, um empate bastou para o Porto sonhar com mais triunfos na edição 2006/07 da prova-rainha do Velho Continente. Este nulo, apesar de ter bastado para o apuramento, foi injusto. O Porto foi a única equipa em campo apostada em fazer jus aos pergaminhos que ostenta. No dicionário azul e branco a palavra 'vencer' é a mais relevante e a mais consultada. Nem podia ser de outra maneira. A história, a tradição e o fiel público exigiam a total entrega dos rapazes na luta pela vitória. Na realidade, não há nada a apontar aos jogadores nesse âmbito. O Porto mostrou-se sempre ambicioso, com uma determinação assinalável, correndo a todos os lances.....enfim, jogando «à Porto». O grande adversário do Porto, na noite europeia de Quarta-Feira, foi o azar. É que o Arsenal pouco se viu. O finalista vencido da última edição da Liga dos Campeões não teve vergonha de vir deliberadamente ao Dragão em "passo de caracol". Sem correr muito, sem criar oportunidades flagrantes de golo, o Arsenal deve ter saído do relvado perfeitamente radiante. No final do jogo, o sorriso amarelo de cada arsenalista comprovava o alívio inglês. Dado o futebol apresentado, foi uma sorte os britânicos não terem sofrido golos. Ricardo Quaresma cometeu a 'proeza' de enviar a bola duas vezes ao poste!!! Quem pensava que o Porto selava pactos com um aperto de mão, enganou-se redondamente. O Porto sela-os é com bolas no poste!!! Veja-se a primeira tentativa para chegar a um acordo: Lucho lançou Lisandro na direita do ataque do Arsenal. O 9 portista cruzou recuado para o remate de Quaresma que embateu no poste da baliza de Lehmann. Mas como esta tentativa de pacto aconteceu aos 49 minutos, sentiu-se que ainda havia mais tempo para discussão tendo em vista um consenso oficial. Lançaram-se ataques, ripostaram-se defesas, os treinadores meteram novos argumentos em campo mas permanecia a indecisão relativamente ao desfecho do encontro. Com mais avanços ou menos recuos arrastava-se a indefinição. Prolongar-se-ia até ao minuto 90? Nada disso. Aos 57' chegou-se a uma decisão. Quaresma, um dos agitadores da sessão, ganhou uma bola no ataque, progrediu pelo centro do terreno, contornou Djourou, inventou espaço e rematou sem hipóteses para Lehmann. Ordeiramente, a bola esbarrou no poste. Naquele momento, foi oficialmente declarada a aliança luso-britânica. Daí até ao final foi um verdadeiro pacto de não-agressão. Assim, o Porto não corria riscos de sofrer um golo e complicar contas (que na altura eram desfavoráveis na Alemanha) e o Arsenal respirava um pouco para ganhar fôlego para a Premiership. O tempo foi passando, o convívio foi agradável e, mais importante que tudo, no fim, ambos passaram à próxima fase da UEFA Champions League. E voltando a um passado recente, o Porto é já o único representante de Portugal nesta importantíssima prova. Aliados no passado, aliados no presente. Dia 15 de Dezembro é altamente provável que seja sorteada uma equipa inglesa para defrontar o Porto nos oitavos-de-final. Haverá nova aliança? No way, gentlemen!!!

Monday, December 04, 2006

12ª Jornada da Liga: FC Porto 2-0 Boavista

Divina comédia

O Futebol Clube do Porto venceu o Boavista por 2-0 no sempre aguardado derby tripeiro. E não há Porto-Boavista sem dureza, virilidade, rigidez e conduta a roçar o antónimo do fair-play. Como era esperado, este último derby da Cidade Invicta não sofreu alteração no que à tradição diz respeito. Jesualdo Ferreira mexeu no onze inicial tendo em vista o decisivo Porto-Arsenal de Quarta-Feira, para a Champions League. Assim, Fucile não foi convocado e Cech ocupou a posição do uruguaio, enquanto que João Paulo, Ibson e Bruno Moraes estrearam-se como titulares do FCP na corrente época desportiva. O começo do jogo parecia revelador quanto à predisposição das equipas. O Porto tentava chegar rápido à área boavisteira e o clube do xadrez não poupava esforços a tapar os caminhos da sua baliza. Mas no FC Porto há sempre gente versada em múltiplas actividades. É disso exemplo o minuto 7. Ricardo Quaresma fez emergir a sua faceta de explorador e, depois de se desembaraçar de dois adversários, descobriu o trilho da baliza e rematou às malhas laterais, criando a ilusão de golo no Estádio do Dragão. O 7 portista farejava o golo. O Porto não desistia de procurar a baliza de Khadim, mas diga-se que nem sempre teve êxito nessa busca. O Boavista batia-se com a bravura habitual de quem protagoniza o jogo de uma época. É um facto inegável. O Boavista quando se desloca ao reduto do Campeão Nacional é de uma aplicação notável. Praticando um futebol de raça, agressivo, no limiar da impetuosidade, o clube do Bessa não olhou a meios para dificultar ao máximo a tarefa do FCP. Refira-se que o Boavista foi a 1ª equipa a derrotar o FCP no Estádio do Dragão (0-1), em 20 de Novembro de 2004. Essa proeza ninguém pode usurpar aos axadrezados. No ano transacto, só um livre directo de Quaresma permitiu derrotar os boavisteiros. Este histórico atesta as dificuldades que o FCP sente e comprova o efectivo agigantamento que os ares das Antas provocam nos pupilos de Jaime Pacheco. O Porto pareceu manter-se alheio a estatísticas ou historiais e fez o que lhe competia. Ou seja, correr incessantemente por um golo. O que é certo é que os defensores do Boavista cortavam pela raíz todos os perigos que pudessem advir de pernas adornadas com meias azuis e brancas. Nessa 'ceifa' axadrezada não havia piedade. Nem pelo futebol, nem pelos adeptos, nem pela integridade fisíca de colegas de profissão. A 1ª parte terminou sem deixar saudades. Teve muita luta, mas, de certo modo, foi triste, com pobreza de futebol e conivência do árbitro em permitir o prologamento do jogo faltoso, impedindo assim a fluência do futebol. Esperava-se um jogo diferente na outra metade da partida e principalmente pediam-se golos. Felizmente, não foi preciso esperar muito para assistir a um dos momentos altos da Liga Portuguesa 2006/2007. Ao minuto 51, após um alívio da defesa boavisteira, a bola sobrou para Quaresma. Não se fazendo rogado pois tinha via aberta, o 7 rematou à baliza. No percurso natural da bola, entre os pés de Quaresma e a baliza, não sei ao certo o que se passou na cabeça de Khadim. Aparentemente, preparava-se para apanhar a bola, mas depois num momento de reflexão motivado por alguma lucidez de quem joga para não perder, o guarda-redes do BFC tentava tirar partido da saída da bola das quatro linhas para ganhar uns segundos ou minutos ou mesmo horas, quiçá. Mas para azar dos azares, a bola não saiu pela linha de fundo. Bateu primeiramente no poste e depois nas luvas de Khadim até que se decidiu fazer convidada a entrar na festa do golo. E é assim, ninguém é capaz de negar um capricho a uma bola. Golo hilariante do FC Porto, no mínimo. A paródia estendeu-se longamente por todo o estádio. O povo ria, ria e ria até não poder mais, porque é de frangos que gosta. Se nos primeiros 45 minutos o público se havia lamentado com a qualidade sofrível apresentado pelos artistas, agora era hora de rir. O Boavista parecia ser castigado pelo mau futebol com um lance que figurará no lote dos apanhados do fim do ano. A partir daqui, tudo se tornou mais fácil para o FCP. Aos 58', os tripeiros de azul tiveram uma excelente oportunidade para marcar. Lisandro isolado por Bosingwa permitiu a defesa de Khadim. Teve de se esperar pelo minuto 73' para a contemplação do segundo golo do FC Porto. Meireles marcou um livre na direita, na confusão a bola sobrou para Bruno Alves, que remata e Postiga desvia para golo. Daí até ao final foi a tranquilidade total. A vitória no derby da Cidade do Porto não fugiria mais aos azuis e brancos. O FCP foi a melhor equipa em campo, num jogo que fica marcado pela rispidez dos futebolistas do Boavista e pelo frango de Khadim! Moral da história: para a cura de todas as violências, rir é mesmo o melhor remédio!