Monday, November 27, 2006

11ª Jornada da Liga: Belenenses 0-1 FC Porto

Q.b.

O Futebol Clube do Porto visitou o belíssimo Estádio do Restelo e arrancou um importante triunfo. O Estádio do Belenenses merecia mais público para assistir à recepção do Campeão Nacional. É uma pena constatar que são cada vez mais os estádios com cadeiras vazias. Um clube histórico como é o Belém devia ter uma base popular muito mais significativa e frequentadora do seu recinto. Quanto ao que se passou no relvado, o Porto fez uma exibição quanto baste para conseguir os três pontos perante um opositor muito pouco ambicioso. De facto, o Belenenses limitou-se a suster a investida ofensiva do FC Porto. Só de quando em vez é que Zé Pedro, o melhor elemento dos lisboetas, tentou com remates de longe incomodar Helton. De resto, o Belém foi uma sombra. Por seu turno, o Porto entrou em campo ainda 'inchado' pela brilhante vitória em Moscovo. Se na Rússia aliou uma espantosa exibição com um fantástico resultado, o Porto, nesta partida da Liga Portuguesa, limitou-se a cumprir a obrigação de vencer. Depois da saborosa vitória diante do CSKA, o Porto pareceu não querer exagerar na exibição, sob pena de habituar mal os seus adeptos. Obviamente que qualquer 'torcedor' salivava por um ataque feroz aos pastéis de Belém. Mas o Porto consciencializou-se de que um simples pastel era mais do que suficiente para adoçar a boca e confortar o estômago. Achou por bem não exagerar nas exibições açucaradas e concentrar-se na objectividade do resultado. Ok, há que manter a linha e a distância em relação aos adversários, não vão eles pensar que isto é fácil. Logo ao minuto 8 o Porto fez golo. Porém, o árbitro também se quis armar em 'pastel', já não bastavam «Os Belenenses». Num canto directo de Quaresma, o guarda-redes Marco sacodiu a bola já depois desta ter entrado na baliza. O lance prossegiu com Postiga a falhar incrivelmente a recarga e com Gaspar a aliviar para canto. Em vez de um golo, foi atribuído um canto ao Porto. Ok, a gente habitua-se, agora que até tomámos o gosto aos cantos. Exemplo disso é o minuto 19. Quaresma cobrou o canto, confusão na área do Belém e Pepe rematou de primeira à trave da baliza de Marco. Finalmente, o golo surgiu ao minuto 41. Assunção devolveu uma bola para a área do Belém, aliviada pelos defesas do Restelo. Estes apressaram-se em subir no terreno para deixarem os portistas em fora-de-jogo, mas esqueceram-se de Bruno Alves, que estava em posição legal. O central pressionou Marco e a bola sobrou para Postiga que só teve de empurrá-la para a baliza deserta. O resto do jogo foi muito monótono, sem lances muito vistosos ou situações de real perigo para as balizas. O Porto venceu justamente e não necessitou de abusar na exibição para vencer um Belenenses muito sensaborão. Estão garantidos mais três pontos que servem para consolidar a liderança azul e branca. E no próximo Sábado há derby tripeiro!...

Sunday, November 26, 2006

Champions League: CSKA Moscovo 0-2 FC Porto

Cá se fazem, lá se pagam!

O Futebol Clube do Porto venceu o CSKA de Moscovo em jogo a contar para a UEFA Champions League. Sob uma gélida temperatura, o Porto foi mágico e transformou o gelo em fogo, aquecendo os corações daqueles que o apoiavam na Rússia e de todos os que ficaram na Lusitânia. É caso para dizer que os moscovitas é que se derreteram com a fogosidade e o poderio do 'time' português. O Porto espalhou, no gélido relvado, acendalhas de categoria, segurança e classe. O minuto 2 foi um bom augúrio para o restante jogo. Foi uma espécie de rastilho perfeito para o desejado fogo-de-artifício final. Ricardo Quaresma (que há dias jurou fidelidade ao melhor clube português, mandando às malvas atléticos espanhóis) foi o artista de serviço neste embate. O Internacional A português esteve simplesmente soberbo. Saliente-se que esta foi a 3ª vitória consecutiva do Porto na Champions League, sendo que as duas últimas foram fora do habitat natural do dragão, valorizando, por isso, o crédito dos azuis. Foi então no 2º minuto de jogo que o Porto engendrou um contra-ataque perfeito. Lucho ganhou a bola a meio-campo e entregou-a a Postiga. O 'cabecinha goleadora' meteu o esférico na direita para Lisandro, que cruzou para Quaresma, ao segundo poste, fazer o 1º golo do FCP. Rápido, simples, eficiente e bonito. As oportunidades para o Porto engordar a vantagem sucederam-se a bom ritmo. A defesa moscovita revelou uma permissividade nada expectável numa equipa que acabou de revalidar o título de campeão russo, no fim-de-semana passado. As ocasiões para o Porto marcar surgiram no capítulo em que o Porto se mostrava menos apto, já de há um bom tempo para cá. Foi, portanto, através de pontapés de canto que o Porto fez acelarar o ritmo cardíaco dos russos. Aos 13', canto cobrado pelo Harry Potter. A bola saiu do pé direito do 7, passou por Akinfeev e Postiga falhou o desvio para a baliza. Aos 15', novo canto. A bola saiu igualmente do pé direito de Quaresma, passou Akinfeev até chegar a Pepe, que na pequena área chutou por cima. Apesar do desacerto na pontaria, notam-se já melhorias substanciais nesta componente específica do jogo. E cada vez mais decisiva, sublinhe-se. De facto, as cobranças de canto eram uma autêntica pecha na folha de serviços do Campeão Nacional. Mas de volta ao futebol corrido, o FCP teve uma boa situação ao minuto 35. Postiga teve uma nesga de espaço e rematou forte para defesa difícil e incompleta de Akinfeev. Os russos bem que tentaram chegar com perigo junto à baliza de Helton, o Canarinho, mas a defesa azul e branca não permitiu grandes veleidades aos 'Dimitiris' e 'Vladimirs'. Nem mesmo os artistas brasileiros do CSKA tiveram uma noite inspirada. No entanto, Daniel Carvalho assume-se como a pedra basilar desta equipa russa. Apesar de mais pressionante, o CSKA pouco perigo criou na 2ª parte. O Porto aproveitava bem as perdidas dos moscovitas e descia rápido até à área do CSKA. Ao ritmo dos contra-golpes nasciam possibilidades de golo para o Porto. Só faltava algum jogador azul assumir-se e reclamar a paternidade de algum. Aos 59', em mais um canto de Quaresma, Bruno Alves não aproveitou nova fífia da defesa russa. Porém, ao 61º minuto, Quaresma bailou sobre um defensor russo e cruzou para a área, impelindo a dupla Licha & Lucho a dar o seu show. Lisandro Lopez amorteceu o cruzamento de Quaresma e 'El Capitan' Lucho González com um chuto fulminante fez balançar as redes moscovitas. Estava feito o 0-2 para o Porto e garantida a vitória azul e branca. Antes do apito final, aos 69', após uma boa envolvência colectiva do Porto, Postiga rematou em grande estilo e Akinfeev respondeu à letra. Daí até ao fim do jogo pouco há para narrar a não ser a mostra inequívoca de superioridade do dragão. A história repetiu-se. Tal com há dois anos, o Porto empatou no 'Dragão' e venceu na Rússia. Pode-se concluir que o estatuto do Porto confere-lhe a possibilidade e a necessária legitimação de subverter a sabedoria popular. «Cá se fazem, lá se pagam.» Eis a nova cartilha do FC Porto para resolver problemas russos. E lembrar que falta só 1 mísero ponto para o Porto se apurar para os oitavos-de-final da UEFA Champions League. Confrontar-se-ão Porto e Arsenal, no dia 6 de Dezembro. Convém recordar que o Porto perdeu em Londres por 2-0. Espera-se nesse jogo que o Porto inverta novamente a seu favor a sabedoria popular. Se «lá se fazem, cá........» Aguardemos pelo último e decisivo capítulo da UEFA Champions League.

Tuesday, November 21, 2006

10ª Jornada da Liga: FC Porto 2-1 Académica

Nosso fado é vencer!

O Futebol Clube do Porto recebeu e venceu a Associação Académica de Coimbra por 2-1. Após um interregno (incompreensível) de duas semanas, os futebolistas tentaram retomar a qualidade de jogo evidenciada até então. Familiarizados novamente com o cheiro da relva e com os gritos da bancada, os intérpretes podiam fazer rolar a bola. Nesta partida, a Associação Académica de Coimbra teve a sua prendinha de Natal antecipada ao quase empatar no Dragão. De facto, só mesmo quem acredita no Pai Natal podia imaginar que a Académica que se apresentou Sábado no Dragão marcaria um golo. A Académica apostava naquela táctica unidisciplinar e avançadíssima na intenção do "vamos para lá e vemos no que isso vai dar". É que apenas se viam «rapazinhos a correr atrás da bola». Pois bem, cada um governa-se com o que tem e o Porto, obviamente, não se revê em tal pequenez. O clube da Invicta foi arquitectando variadíssimas oportunidades para marcar. Aos 21 minutos, por exemplo, Lisandro usou uma régua marada e totalmente fora dos cânones para medir um cruzamento de Quaresma. Claro que a inconveniente falta de centímetros impediu a inauguração do placar. Volvidos 4 minutos, Lisandro dispôs de nova oportunidade para marcar. Livre cobrado por Quaresma, Lisandro cabeceou e Roma defendeu. Mas como não há duas sem três, a bola ressaltou e, mais uma vez, o argentino não conseguiu fazer balançar as redes. Nem à terceira foi de vez, Lisandro. «Vai-te lixar, Licha!» (referência a um desabafo engraçado de um adepto 'sui generis' em pleno Dragão). Foram muito relevantes as ocasiões desperdiçadas pelo FCP. Todavia, a aplicação e o estudo de situações de golo, por parte dos Campeões Nacionais, mereciam como recompensa golos e não o nulo com que se chegou ao intervalo. Faltava apenas mais acerto na finalização. Rasguem-se as tácticas e jogue-se à bolinha. Nem 5 minutos passaram após as lições dos professores nos balneários e o Porto marcava. Lisandro lançou um ataque rápido e encontrou Postiga na direita. O 'caxineiro' cruzou para o lado contrário, onde surgiu Quaresma a retribuir o miminho, colocando a bola na cabecinha goleadora de Postiga. Golo do Porto e justiça no marcador. O Porto prosseguiu na tentativa de ampliar a contagem. Aos 76 minutos, Quaresma rematou forte e foi por um triz romano que não se festejou golo. «Quem não marca, sofre». Quantas vezes será necessário repetir esta máxima popular? Até se pode estar consciente e precavido para este ditado, mas ele manifesta-se sempre que lhe apetece. Senão vejamos: o Porto dominava completamente a partida, construía situações claras de golo e o ataque da Académica era inofensivo, mas, aos 77', a Briosa empatou a partida por obra e graça de Nestor (e sabe-se lá mais quem). Assim, sem mais nem menos, sem que nada o fizesse prever, a Académica marcava na Casa do Futebol. São estes os indecifráveis mistérios do futebol, que nos trocam as voltas e nos confundem. Mas também é esta imprevisibilidade que nos atrai neste desporto. Todavia, escusado será dizer que nem Moscovo, naquela altura, rivalizaria com a zona das Antas em matéria de temperatura negativa. No entanto, havia ainda tempo e obrigação de reagir à adversidade. Todos os portistas apelavam aos deuses pela justiça futebolística. É nas horas difíceis e de aflição que se tenta acordar os deuses de um ou outro ócio inusitado. E se lá no Olimpo futebolístico algum tinha cerrado as pálpebras, abriu-as num ápice sedento de curiosidade para confirmar se a bola ultrapassou ou não a linha de golo da baliza de Roma, após livre de Quaresma, ao minuto 83. Sessenta segundos passados, Pedro Roma defendeu para canto um remate de Postiga. O guarda-redes academista cotava-se como um dos melhores elementos da AAC. Mas até Roma teve as suas fraquezas e inclusive uma queda. Canto cobrado por Quaresma, Pepe elevou-se na área e cabeceou para o segundo golo do Porto na noite, restituindo justiça ao marcador. Vitória incontestável e merecidísssima do FCP. Os deuses do futebol não dormem, só dormitam, e a sorte apenas protege os audazes. Se Coimbra tem mais encanto na hora da despedida, Pepe, ao cair do pano, despediu-se dos academistas com um encantador golpe de cabeça, remetendo os conimbricenses para o trilho do seu fado. Silêncio? Nem pensar! «Pooooooooooorto!!!»

Thursday, November 16, 2006

Estádio do Dragão: 3º aniversário








O Estádio do Dragão está hoje de parabéns. O palco do Futebol Clube do Porto completa o seu terceiro aniversário. Situado na parte Oriental da Cidade, o Dragão é já uma referência para quem visita a Invicta. Moderno. Elegante. Deslumbrante. Mágico. Inebriante. Enfim, todos os adjectivos são poucos para classificar esta obra-prima da arquitectura, planificada pelo Arquitecto Manuel Salgado. A noite de 16 de Novembro de 2003 perdurará na memória de todos. Foi uma satisfação imensa entrar naquele sonho. Houve magia de Luís de Matos, música de Pedro Burmester e cantos de Isabel Silvestre. Houve também futebol de qualidade para abrilhantar ainda mais a ocasião. O FC Barcelona foi o convidado para estrear o palco de todas as emoções. O Porto venceu por 2-0, com Derlei a inscrever o seu nome na história do Dragão, ao assinar o primeiro golo. Hugo Almeida fechou o resultado do primeiro jogo no Estádio do Dragão. Nessa noite foi tudo perfeito! Passados três anos desde a cerimónia de abertura, o novo estádio do FCP assumiu-se como talismã para a equipa azul e branca. A estreia nas competições europeias foi fabulosa. O Porto venceu o Manchester United por 2-1, envolto num ambiente absolutamente fantástico. Não tenho dúvidas que foi aquela noite que nos catapultou para o inolvidável trajecto que culminou com a vitória na Champions League. Foi também no Dragão que o Porto comemorou o 20º e o 21º títulos de Campeão Português. O novo recinto também acolheu a comemoração da vitória da Taça Intercontinental, que fez do Porto Campeão do Mundo. Em somente três anos, não faltam momentos de glória. Tão bom quanto recordar os feitos passados do Porto no Estádio do Dragão, é fazer parte das consagrações futuras. Por isso, reservem já o vosso lugar na história do Clube e do Estádio. Visitem-no....o mais que puderem!

Wednesday, November 08, 2006

9ª Jornada da Liga: Setúbal 0-3 FC Porto

Rapidinha

Um, dois....três! Assim se fez, mais uma vez, o resultado do Futebol Clube do Porto. Um dragão guloso devorou, sem apelo nem agravo, o Vitória de Setúbal, qual presa de estirpe frágil. O jogo foi fácil, muito fácil, facílimo, até. E os dois primeiros golos foram rápidos, muito rápidos, rapidíssimos, mesmo. Os superlativos de 'fácil' e 'rápido' são demonstrativos do grau patenteado pelo FCP, ao longo do jogo. Jesualdo colocou Jorginho no onze, em detrimento de Meireles. Isto para além de Fucile ocupar o lado esquerdo da defesa, o que já tinha acontecido na Alemanha. Deu-se bem o técnico dos Campeões Nacionais. Jorginho imprimiu um maior vigor e dinamismo ao futebol dos portistas. Aos 7 minutos, já o Porto tinha arrumada a questão do vencedor. O resto do desafio foi simplesmente uma recreação azul e branca. Golo 1: Quaresma na esquerda trabalhou bem sobre Veríssimo e Janício, cruzou para a área e, ao segundo poste, Lisandro marcou de cabeça. Golo 2: Jorginho senhor da bola, correu com ela alguns metros até a colocar em Postiga. O internacional português mirou a baliza e mandou um 'bilhete' que tinha as redes da baliza de Nélson como destinatário. 7 minutos de jogo e a história da partida estava contada! O Porto procurou (e conseguiu) ter mais oportunidades para marcar, mas como o adversário já estava estendido no tapete completamente K.O., a 'pica' não era mais a mesma. Só assim se explicam perdidas como as que aconteceram nos minutos 17, 32, 58, 60, 87 ou 90!!! Só alguns se podem dar ao 'Lucho' de falhar escandalosamente. E foi isso mesmo que o Capitão portista fez, após uma soberba assistência de Quaresma. Que desperdício! De seguida, o árbitro mandou toda a gente fazer um intervalo, mas bem que podia mandar tudo para casa. Nesta partida, o Harry Potter deliciava-se a experimentar novos truques e nem dava pelo passar do tempo de tão entretido que estava, qual puto reguila a jogar no recreio da escola. Ninguém demovia o 7 portista a abandonar o 'gramado' do Bonfim, sem que antes o jogo fosse dele. E seria o próprio a assinar a página mais bonita deste capítulo, ao 77º minuto. Golo 3: livre a castigar os sadinos, com Quaresma a encarregar-se da cobrança da falta. Fitou Nélson, concentrou-se na bola, chutou-a e de seguida.......foi vê-lo a correr em direcção a Vitor Baía. Golaço!!! Pouco tempo depois de num Clássico italiano, o Nápoles-Juventus, Del Piero ter executado primorosamente um livre directo, a inspiração atravessou rapidamente fronteiras até chegar às narinas de Ricardo Quaresma. Magistral a execução do português, como havia sido, momentos antes, a do italiano da Juventus. Com a aplicação da chapa 3 e com Quaresma a inscrever o seu nome na posição cimeira da ficha de jogo, o mesmo podia terminar. Descanso seja dado a quem tão brilhantemente concluiu um ciclo difícil, que redundou em 4 vitórias e 1 empate. E confirma-se: da dificuldade à glória é mesmo só um instantinho!

Tuesday, November 07, 2006

9ª Jornada da Liga: Benfica 3-0 Beira-Mar

Ovos moles, mas com prazo....

O número 3 afinal não é só de azar para o Benfica, e este jogo veio provar isso mesmo. Depois da vitória por três bolas a zero frente ao Celtic para a 'Champions', os pupilos de Fernando Santos brindaram os de Augusto Inácio com a mesma dose. Os muitos golos apontados nestes últimos jogos resultam do futebol espectáculo e atacante que a equipa tem vindo a praticar. Para ser mais preciso, nos últimos 5 jogos para o campeonato, o Benfica marcou 16 golos (tendo facturado, no minímo, 2 por partida), e se juntarmos os jogos da Liga dos Campeões elevam-se para 19 os tentos comemorados em 7 partidas. Uma marca que está, por certo, ligada às subidas de forma dos médios (principalmente Katsouranis), de Simão, e dos avançados Nuno Gomes e Miccoli. Mas se o Benfica marcou 3 neste jogo, bem que podia ter marcado mais....
Frente a um Beira-Mar completamente estacionado à entrada da sua área, os "encarnados" desde cedo montaram a 'tenda' bem perto da baliza visitante. O ataque era (muito) bem auxiliado pelos laterais (com Nélson novamente em destaque), o meio-campo chegava para as encomendas, e a defesa poucos pedidos atendeu. Simão começou por abrir as hostes dos falhanços. Servido por Nélson, o capitão permitiu uma boa defesa a Alê. O guarda-redes brasileiro viria mesmo a ser o aveirense mais decidido e o culpado pelo primeiro golo benfiquista não ter surgido mais cedo. Com boas intervenções aos 14´ (a remate de Nuno Assis) e aos 34 minutos (após cabeceamento de Nuno Gomes), Alê era, nesta altura, a figura do jogo, e a salvação do Beira-Mar. Miccoli, irrequieto, tentou de longe fuzilar o guarda-redes, a bola embateu outra vez em Alê e foi parar a Nuno Gomes. Este finalmente empurrou-a para lá da linha de golo, mas o golo seria (bem, diga-se) anulado. O intervalo veio num ápice. As forças gastas na primeira metade foram em vão. Mas, com um futebol constantemente de ataque, embora sem golos, não se esperava outra coisa do Benfica na 2ª parte se não... golos. É que "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura". E foi preciso esperar apenas 7 minutos para furar. Katsouranis não estava virado para ditados, e, após excelente jogada do endiabrado Nélson, pôs, de cabeça, fim ao mini-jejum do Benfica neste jogo. É que os "ovos-moles" de Aveiro começavam agora a ser bem digeridos. O "grego" do Dragão facturou o seu 3º tento na Liga. Katsouranis gostou tanto do doce de Aveiro que quis partilha-lo com Miccoli. O italiano, que vem fazendo uma série de bons jogos, e com uma forma fisíca de fazer inveja "ao" Miccoli da época passada, 'preferiu' não abusar nas 'calorias'. Bem pelo contrário, o avançado terá queimado umas quantas com o jogão que fez. Aos 55 minutos, ainda meios atordoados, os aveirenses assistiram a um momento delicioso: Nélson recebeu um passe de Simão e passou para Katsouranis. O médio tocou a bola para Petit, este, fazendo um túnel a si mesmo, deixou-a passar para Miccoli. Fabrízio devolve ao "6", que dribla um adversário e, com um remate bem colocado, pôe o clube da Luz em vantagem por 2-0. Mais uma jogada fantástica de um Benfica de "laboratório". O Beira-Mar viu, num ápice, a sua estratégia ultra-defensiva destruída em 3 minutos. O jogo estava decididio, até porque os visitantes só se lembraram que havia uma baliza, para além da sua, aos 66 minutos. Quim, num intervalo do seu aquecimento que o mantia morno, foi chamado a intervir num livre de Emerson, e que intervenção! Grande defesa do internacional português. Até ao final da partida, mais três momentos relevantes. O primeiro no minuto 71. Buba, pouco inspirado esta noite, leva o segundo amarelo e consequente vermelho, mas não sai de campo sem ouvir os aplausos da bancada. Os adeptos benfiquistas não esqueceram a alegria dada pelo camaronês na jornada anterior.... Poucos minutos depois, o segundo destaque: o climax do show de Miccoli no jogo. Depois de receber um passe, e com um adversário nas costas, o italiano, apenas com um pé, roda sobre a bola, deixando o aveirense à nora e mal-disposto. O delírio do povo benfiquista só não foi maior, porque Alê evitou, mais uma vez, o golo. Seria um excelente golo, mas, de qualquer das maneiras, este foi sem dúvida um pormenor demonstrativo da qualidade de Miccoli. Será por causa destes "cuppinus" (nome por que é conhecido em Itália o tal toque) e outras perícias que não deixaram o italiano participar no clássico? A terceira nota vai para o último golo benfiquista apontado..... por um aveirense. Ricardo (o tal "à nora"), dando seguimento a um cabeceamento de Luisão para Miccoli, intrometeu-se no caminho da bola e desfeitiou Alê. Foi o cúmulo do excessivo acanhamento do Beira-Mar. Até ao final não houve mais nenhum golo , mas ficou a ideia de que o Benfica poderia ter marcado uma mão cheia deles. Com esta vitória, e com um jogo em atraso, a equipa de Fernando Santos continua na luta pelo título, tendo agora 2 semanas para descansar e recarregar os 'cartuchos' para os importantes confrontos que se avizinham.

Friday, November 03, 2006

Champions League: Benfica 3-0 Celtic

A outra face da moeda

Tal como à 37 anos atrás, o Benfica perdera em Glasgow por 3-0. E tal como à 37 anos, o Benfica brindou, na Luz, os escoceses com os mesmos 3-0. No final desse jogo de 1969, houve necessidade de desempatar as contas... com uma moeda ao ar, e correu o boato entre os elementos benfiquistas de que a moeda utilizada tinha apenas uma face... Neste jogo da última quarta-feira, não se recorreu a qualquer método de desempate (até porque o mesmo não era a eliminar), mas o Benfica revelou outra... face, bem diferente da do primeiro encontro de Glasgow.
Maior posse de bola, excelente qualidade de passe (que resultava em jogadas de grande nível), mais ataques e, sobretudo, golos. O primeiro logo aos 10 minutos. Nélson, um dos grandes destaques da partida, cruzou para Nuno Gomes, mas a bola não chegaria ao avançado, porque Caldwell cortou-a... para dentro da sua baliza. O defesa escocês viria também a ser uma das figuras do jogo... pela negativa. O Benfica entrava a ganhar e caminhava para uma vitória (bem) tranquila. Com cerca de 55 mil adeptos a favor (e em fervor) na bancada (e um escocês 'simpático' no relvado...), a equipa de Fernando Santos empolgou-se o suficiente para desnortear por completo o Celtic que não conseguia chegar a Quim. Ora, se os 'católicos' não assustavam o guarda-redes português, este resolveu assustar, ou melhor, assistir... Caldwell (tem que ir às bruxas!) para este... assistir Nuno Gomes para o 2-0. O "21" aproveitou um desvio da bola na face do defesa para finalizar, ao seu estilo, e colocar o Benfica com uma vantagem confortável aos 22 minutos. O meio-campo "encarnado" (com destaque para Katsouranis) dominava o do Celtic (Nakamura era o menos mau), a defesa bloqueava as (poucas) sobras que lhe apareciam pela frente e no ataque sobressaía Nuno Gomes. Com o passar dos minutos, os visitantes foram subindo mais no terreno, mas sem grandes prejuízos para os homens da casa. E foi neste ritmo que acabou a primeira parte e começou a segunda. E foi mesmo o Celtic a criar a primeira oportunidade de golo do segundo tempo. Miller (que havia marcado por duas vezes na Escócia) aproveitou uma sobra de um lançamento lateral para tentar um chapéu a Quim, mas este, em cima da linha de golo, evitou males piores, protegendo bem a sua baliza. Esta foi, aliás, a verdadeira change dos jogadores escoceses darem uma alegria aos milhares de adeptos que vieram da Escócia para os verem. Destaque para o minuto 66. Não, não surgiu mais um golo do Benfica, nem mais um lance desastroso de Caldwell, mas sim a entrada de Karyaka para o lugar do esforçado Miccoli. O russo estreou-se na 'Champions', e, se entrasse como no último jogo na Luz frente ao Estrela, viria a ser importante para o resultado final. Aposta ganha, terá pensado Fernando Santos quando viu Karyaka fechar o placar, 10 minutos após ter entrado, na melhor jogada da partida: "Petit dá para Katsouranis, o grego lateraliza para Nélson... este dá para Simão, que de primeira atrasa para Petit.... também ao primeiro toque serve Nélson..... que centra... para trás... aparece Karyaka... golo..... gooooooooooooooooooooolo! Benfica! Karyaka!". Uma possível descrição radiofónica de um hino ao futebol. Jogada fantástica! Com o 3-0, o Benfica igualava o resultado da primeira ronda, mas ainda tinha alguns minutos para passar para a frente em termos directos com a equipa escocesa. Nuno Gomes sabia disso, e, servido por Simão, bem tentou, mas, isolado, permitiu a defesa a Bonuc. Até ao final, o jogo só conheceria mais uma ocasião de golo, e para o Celtic. Já em compensação, Nakamura ofereceu a Quim a oportunidade de voar, e brilhar. Após um livre directo, o português atirou a bola para canto. Nada mais se passou.
O Benfica respondeu na mesma moeda do Celtic em Glasgow, empatou os 'católicos' no confronto directo (primeiro factor de desempate) e festejou a vitória (que apagou a má imagem que deixou na Escócia).... tal como os escoceses. Não os que andaram a correr no campo (muito menos Caldwell), mas sim os seus (fantásticos) adeptos que, mesmo tendo acabado de presenciar uma pesada derrota da sua equipa, cantaram até saírem do estádio da Luz. Estádio onde homenagearam Féher (antes do apito inicial), acto esse, bem reconhecido pelo adeptos benfiquistas que logo responderam com uma enorme ovação.
Palmas para os benfiquistas. Palmas para os (adeptos) escoceses. Palmas para o Benfica!

Champions League: Hamburguer SV 1-3 FC Porto

Família de Lucho

O FC Porto fez o que lhe competia e venceu de forma clara o Hamburguer SV. O Porto foi indubitavelmente a melhor equipa em campo, dominando o jogo em todos os aspectos. Começando pelo clímax da partida, Lucho González foi autor de um golo «lindo», como o próprio o classificou. Faltava um minuto para o intervalo. Lucho lançou Quaresma na direita. O extremo cruzou para a área alemã mas Mathijsen aliviou a bola para frente. Um instinto do defesa do Hamburguer SV, que nem em sonhos teria visualizado o que aconteceu de seguida. A bola magoada com quem se queria ver livre dela, vingou-se desse desprezo. Nem esperou para cair desconsolada na realidade. Deixou-se levitar, esperando que um jogador de futebol partilhasse com ela um momento de 'Luchúria'. Num diálogo mudo, Lucho González ocupou o lugar de 'cavaleiro andante' que aquela bola ansiava ver preenchido. O argentino correu para ela, não a deixou cair no mal tratado tapete, indigno de uma princesa, e enviou-a com classe para o sítio onde se sente feliz. O beijo nas redes foi um dos momentos mais românticos a que se pode assistir nesse imenso rol de amores banais. Lucho confessou, há uns tempos atrás, que o melhor golo da carreira havia sido conseguido ao serviço do River Plate. Certamente que este último golo deu-lhe razões para repensar a escala pessoal de golos. O Hamburguer SV-FC Porto revestia-se de importância vital para qualquer um dos envolvidos. Se os alemães jogavam a última oportunidade de continuar nas competições da UEFA, o 'time' português aspirava não perder o comboio com destino aos oitavos-de-final da Champions League. O Porto cedo iniciou o assalto ao meio-campo contrário. O triângulo composto por Assunção, Meireles e Lucho ganhava predomínio e assumia os destinos do jogo. Na 1ª parte, o FCP desenhou oportunidades suficientes para construir um sólido e agradável resultado. No entanto, os arquitectos azuis esbarraram sempre no azar. Este, manifestava-se mais do que a intransigência dos defensores do Hamburguer SV. Quem quer que fosse apologista desse 0-0 com que ameaçava terminar a 1ª parte, rendeu-se, garantidamente, ao golão do Capitão do Porto. Fantástico golo de Lucho González! Imagine-se há quanto tempo corre desenfreadamente o seu primo Speedy, almejando por um golo assim! A Argentina agradecerá a Lucho o rasto de magia que o seu golo provocou. Porém, a 'Nación Celeste' também se deve orgulhar do outro filho. Lisandro Lopez que, no intervalo, conferiu o plano do futurólogo Jesualdo (o(s) Santos que se cuide(m)!), adivinhou o cruzamento de Quaresma e numa dança de 'xutos & pontapés' enfiou a redondinha na baliza de Kirschstein. O relógio do AOL Arena marcava 61 minutos. Os mais de mil portistas exultavam com a demonstração de superioridade em território bávaro. Com o jogo na mão, o Porto podia manter a posse de bola, inviabilizando que a mesma circulasse perigosamente nas redondezas da sua área. Com o jogo perdido, com a vida a andar para trás, com o treinador cada vez mais na iminência de cair do banco de suplentes, o Hamburguer SV investia tudo num milagre. Não sei se o Capitão Van der Vaart acredita nessas coisas, mas que ao minuto 62 conseguiu marcar, ai isso conseguiu! Numa falha defensiva do Porto, o holândes cabeceou para o fundo da baliza de Helton, que nada podia fazer. Embalado pela súbita energia positiva e não querendo que se esvaziasse o pulmão alemão, Thomas Doll fez entrar Berisha. Também não sei se Berisha ou Thomas Doll têm a capacidade de ressuscitar momentos já passados mas o que é certo, é que, ao minuto 66, pairou na AOL Arena um clima de quase «déjà vu». E que eu saiba a Beyoncé nem estava lá. O equipamento encarnado do Hamburguer SV dava algumas pistas para esse pretenso enguiço, mas os intérpretes da façanha de Sábado passado estavam entretidos na Capital portuguesa a jogar com o Celtic de Glasgow. Portanto, a teoria de que foram invocados os espíritos de Sábado passado para o jogo da AOL Arena, não fazia sentido. Como tal, o remate de Berisha só podia embater no poste. Mas para se precaver contra eventuais fenómenos paranormais, Jesualdo Ferreira lançou em campo o mais recente, mas já predilecto, caça-fantasmas: Bruno Moraes. O ligeiro empolgamento dos vermelhos de Hamburgo tinha de ser estancado. A posse de bola era o antídoto mais eficaz que o Porto podia fazer valer. Porém, Bruno Moraes, o especialista na cessação de situações ruins, deu a estocada final na esperança alemã de chegar à igualdade. Jorginho seguia em direcção à baliza germânica, passou a bola a Moraes e do trabalho do ex-Santos resultou o 3º golo do FCP. Moraes nem deixou chegar o último minuto do prolongamento. Ao 87º minuto, o brasileiro cortou de raíz o suspense e festejou com os companheiros a justíssima vitória alcançada. No final, os jogadores agradeceram ao público portista e pensaram em quem ficou na Invicta a desejar uma vitória. Adeptos, jogadores não convocados e especialmente Anderson. Ele que pedira antes do jogo uma vitória aos «maninhos, paizinhos e vovozinhos». Com uma família assim, quem é que precisa de enganar o seu coração e arranjar uma substituta? Toma moleque, a vitória é tua!