Saturday, August 26, 2006

1ª Jornada da Liga: FC Porto 2-1 Leiria

Acordem: o futebol já começou!

O FC Porto venceu o Leiria no 1º jogo da 1ª jornada do campeonato português 06/07. Começar a ganhar sabe sempre bem. Vencer logo na jornada inaugural é obter uma espécie de vantagem anímica sobre os adversários. Está claro que nem todos podem dizer o mesmo. Há alguns que perdem, outros que empatam e (pasme-se ou não) há ainda outros que....não jogam! Agora que as férias terminaram, regressa o futebol. Mas neste lento acordar do veranear em Algarves, alguns hábitos desta época do ano mantêm-se. O FC Porto-Leiria foi um bom exemplo disso, com os futebolistas a regressarem (re)temperados pelo sal das bacias oceânicas. O jogo principiou com o natural entusiasmo de quem inaugura algo de novo. Normalmente, os olhos arregalam-se, as pupilas dilatam, a ansiedade cresce e as expectativas são colocadas no topo da pirâmide de Maslow, como se nada mais fosse importante. Compreende-se. Nas férias, por entre mergulhos e escaldões corporais (e mentais), as esperanças renovam-se e revigoram-se (para além de se bronzearem, claro). Porto e Leiria corresponderam à expectação. Portadores de amendoados tons de pele, os jogadores mostraram vivacidade e ambição na 1ª parte do desafio. Destaque natural para os banhistas do Norte. Habituados às frias águas atlânticas que enrijecem o corpo até ao tutano, os nortenhos evidenciaram uma maior firmeza em busca da vitória. Não é que os leirienses não tenham ido a banhos, mas transportaram para o relvado uma menor disponibilidade competitiva. O Porto, durante este período, foi mais enérgico e empreendedor do que o adversário, com Quaresma e Anderson a serem os timoneiros do barco portista. Como consequência desse bom bolinar da navegação azul, o Porto foi o 1º a marcar no jogo. Tarik, após um excelente trabalho de pés (mais parecia estar sobre areia escaldante), cruzou para Adriano mergulhar na piscina do Lis. Adriano assinou o 1º tento do campeonato. Em cima do intervalo, Quaresma, após combinar com o 10 azul, entrou dentro da área e quando estava quase quase a estender-se na toalha, roçou na bola e marcou o 2º golo do FCP. Na 2ª parte, esperava-se que o Porto controlasse a partida e fizesse uma contundente exibição. Se o primeiro objectivo foi cumprido, o segundo ficou-se por uma macia intenção. Talvez o resultado coadjuvado com a memória recente das férias paradisíacas tenha causado, nos azuis, um certo convite à preguiça. Os jogadores quase dormitavam de pé. O Prof. Jesualdo foi incansável nos alertas para o perigo dessa imobilidade. No futebol, relaxamento é quase sinónimo de inundação. Esta, aconteceu aos 69 minutos. A defesa portista alagou a sua área e Pepe escorregou na poça onde um insistente Sougou chapinhava para o primeiro e único golo da sua equipa. As pernas e as pestanas dos azuis pesavam sobremaneira. Estava instalada a ressaca, própria de quem vai à praia. Aos 78 min., Raul Meireles agitou as águas. Como se de uma nova vaga se tratasse, o Porto foi despertando até ao final do encontro. Aos 83 min., Lisandro cabeceou à barra da baliza de Vale (pela 2ª temporada consecutiva inicia a 1ª jornada como adversário do FCP no Dragão). Se o argentino fizesse golo, certamente que levantaria no Dragão uma leve e fresca brisa marítima que a todos satisfaria depois de se ter aguentado o sofrimento e o entorpecimento que o calor (ou a lembrança dele) provoca. Foi pena, Lisandro merecia. Com o apito final do árbitro, todos acordaram daquela sesta de 45 minutos. Destaque para a 1ª vitória de Jesualdo no FCP e para o 1º jogo como treinador principal na Liga de Domingos (o meu 'brinca na areia' preferido de todos os tempos). A realidade não me deixa mentir: acabaram-se as férias (assim como hão-de acabar os "Morangos com Açúcar-Férias de Verão")! Fechem os guarda-sóis, sacudam as toalhas, retirem o cloreto de sódio dos corpos e acordem para o futebol! Mas que tudo e todos (Governo, Liga, clubes, FPF, dirigentes, jogadores, adeptos....) acordem de vez! For the well of the portuguese football....

Friday, August 25, 2006

A(s) bola(s) do futuro....

Sem razão para qualquer queixa! O Benfica de certeza que não terá nenhuma a fazer aos senhores que lhe mostraram o futuro nas bolas..... da 'Champions'. Neste caso eram mais do que uma (porque as regras assim o exigem), mas de qualquer das maneiras, o Benfica certamente não se sentirá descrente em relação ao que lhe foi dito (sorteado) na sessão realizada no Mónaco. O pior que lhe está escrito nas "mãos" é uma nova viagem a Old Trafford e recepção aos "red devils" de Manchester e ainda uma ida a Glasgow para uma 'reza' com os 'católicos' escoceses do Celtic. O outro obstáculo que o Benfica encontrará durante a sua "vida"(de pelo menos 6 jogos) na 'Champions' será o F.C.Copenhaga. Não querendo esquecer este ciclo inevitável que os "nossos" 'diabos vermelhos' vão ter de passar, os dois confrontos com os dinamarqueses (estreantes nestas andanças) não deverão tirar o sono a Fernando Santos e companhia... E é mesmo em Copenhaga que o futuro (bom?) dos encarnados começará a desenhar-se. Seguem-se o confronto caseiro com o Manchester de Ronaldo (com este a ter uma recepção tão calorosa quanto a sua despedida do encontro da edição anterior?) e o duplo duelo com o Celtic. Portanto, esta deverá ser mesmo a fase mais difícil que os homens da Luz deverão ter.
O futuro adivinha-se risonho (pelo menos nas 'bolas'), mas só o tempo, ou melhor, os jogos o dirão...

Thursday, August 24, 2006

Benfica 3-0 Áustria Viena

Rui Costa e o "seu" Benfica- 12 anos depois.....


Sem surpresa! No 2ºjogo da pré-eliminatória da Liga dos Campeões, o Benfica empurrou definitivamente o Áustria Viena para a Taça UEFA com uns claros 3-0. O filme da 1º mão não se repetiu, o desfecho muito menos, só mesmo Nuno Gomes se manteve como um dos protagonistas.
Num Estádio da Luz das grandes noites europeias (apesar de ter sido apenas uma pré-eliminatória), o Benfica repetiu o elenco do jogo de Viena. 12 anos depois, Rui Costa voltou a vestir a camisola do seu clube de coração na "catedral". E que regresso ao passado.... Num excelente inicio de jogo, logo se percebeu que o pensamento do futebol encarnado era só um: a vitória. E quanto mais cedo melhor. Rui Costa, a par de Nuno Gomes e dos esforçados Manú e Paulo Jorge, era o espelho dessa ambição. Já depois de ter participado num dos melhores actos do encontro, que só não deu em golo porque Safar, o melhor dos 'actores' austríacos, roubou o protagonismo a Gomes com uma defesa vistosa, o "maestro" aproveitou uma insistência da direita de Manú, seguida de um amortecimento perfeito do "21", para fuzilar a baliza áustriaca e chamar para si todos os holofotes do "teatro". Estava incendiado o "inferno da Luz"! O minuto 21 era só dele. Rui Costa voltou a marcar pelo Benfica (o seu ultimo golo datava de... 21 de Maio de 1994) e, como o próprio mais tarde admitiria, explodiu como nunca visto. Os cerca de 58 mil benfiquistas presentes na plateia "entregaram-se" efusivamente ao "menino" por que há muito aclamavam. Apesar da vantagem, a história não tinha chegado ao fim, até porque bastava um golo para o Áustria entrar novamente em cena. Com o jogo controlado, o Benfica teve sempre a baliza áustriaca na mira e, antes do intervalo, voltaria a alvejá-la. Foi já com alguns espectadores a irem fazer o seu chichizinho, que Nuno Gomes voltou a mostrar-se aos áustriacos. Desta vez sem qualquer acrobacia vistosa. Bem pelo contrário. Isolado por Katsouranis, Nuno "Golos" só teve de correr alguns metros e perguntar a Safar para onde queria a bola. Voltava a marcar e, mais importante do que isso, colocava (quase) definitivamente o Benfica na fase de grupos da 'champions'. O intervalo serviu para estudar novos textos (e para, finalmente, fazer as naturais necessidades). Apesar disso, só por mais uma vez, Safar teve de ir buscar a redondinha ao fundo da sua baliza. Foi Rui Costa (quem mais?) que isolou Manú, que, sem qualquer (natural) ganância pelo protagonismo (leia-se golo), ofereceu-o a Petit, para este se estrear a marcar num "filme" europeu. A partir daí, foi só controlar os, apesar de tudo, actuais campeões áustriacos. Destaque para a saída de cena de Rui Costa. Plateia de pé e as (tão) merecidas e desejadas palmas (não por ter chorado, mas por os ter feito chorar) para o "nº10". O "maestro" regressara em grande ao "teatro" que o protagonizou para o sucesso. Marcou um golo, iniciou o 3º, um cem número de passes de mestre e a mesma classe que o tornou (e torna) num dos melhores jogadores portugueses de sempre. O placar não mudaria até findarem os 90 minutos (mais compensação). O Benfica está de novo na 'Champions', Rui Costa de novo em grande no Benfica e Portugal terá, pela primeira vez, 3 equipas no maior palco europeu...

photo by: slbenfica.pt

Sunday, August 20, 2006

Supertaça: FC Porto 3-0 Setúbal

Fuga para a vitória

O FC Porto venceu ontem a 15ª Supertaça Cândido de Oliveira, detendo assim uma esmagadora supremacia nesta competição. O jogo realizou-se no Velódromo de Leiria que parecia, infelizmente, alguma das nossas mais esburacadas estradas. Na 1ª parte da corrida, os atletas rolaram a um ritmo lento, com a equipa do Porto a controlar a contenda. Destaque para uma situação de Raul Meireles, que tentou adiantar-se na tirada mas foi prontamente impedido por Marco Tábuas. Neste período do jogo, os juízes da corrida equivocaram-se ao não assinalarem uma infracção de Hugo. A situação caricata da prova foi protagonizada por Pepe que se enganou no caminho e se posicionou em sentido contrário. Ora, já não bastavam uns tipos andarem em contramão nas auto-estradas, tinha ainda o Pepe de colocar em sobressalto os colegas de equipa e algumas das pessoas que assistiam à corrida. Felizmente, nada de grave aconteceu porque Helton, um dos que correm sossegadinhos na rectaguarda do pelotão, corrigiu o erro do companheiro e fê-lo voltar ao rumo certo. A 2ª parte foi diferente para melhor. A equipa favorita assumiu-se e imprimiu maior velocidade. Atacou com uma inabalável ambição, mostrando ao adversário o seu poder. Ver-se-ia se o Vitória de Setúbal aguentava a passada enérgica dos portistas. Mais tarde, comprovou-se que o Setúbal não tinha 'pernas' para atingir a vitória que lhe está no nome (não confundir com um milhafre sulista). Adriano arrancou um poderoso pontapé de bicicleta que os adversários só puderam acompanhar com os olhos. O brasileiro consumava a primeira fuga para a vitória portista. A pedalada de Adriano ("Cadê o professor Adriaanse, pô?") terminava com a monotonia e obrigava a mexidas na corrida. Hélio Sousa tentou que os seus atletas fossem para a frente, sob pena de verem o Porto embalar sozinho para o triunfo. Porém, o esforço atacante dos sadinos foi muito ténue. Num momento de desatenção, o Vitória deixou o Porto engendrar um ataque e Anderson (que bem merece os insistentes pedidos dos 'speakers' velocipédicos: "Palminhas, palminhas....") concretizou a segunda fuga para a vitória dos campeões nacionais 05/06. Era o domínio absoluto da equipa de Rui Barros, treinador interino do FCP. Este, incumbiu Vieirinha de desgastar (ainda mais) os fatigados homens do Sado. Quando a corrida estava prestes a terminar e o Porto tinha já garantida a vitória, Vieirinha cumpriu o pedido do Mister Barros. Com a meta à vista, 'sprintou' imparável "à Cândido Barbosa" e escapou definitivamente aos perseguidores setubalenses. Foi o terceiro a passar na linha de chegada, engordando, dessa forma, a consagração dos azuis. Em suma, o Vitória pareceu mais preocupado em dar toques nas rodas dos adversários, fazendo-os desequilibrar para não continuarem em progressão. Por seu turno, o Porto mostrou que, quando decidiu pedalar num ritmo forte e de pendor ofensivo, não teve opositor à altura. Nesta volta ao Portugal futebolístico 06/07 que ontem oficialmente se iniciou, o FCP apresentou argumentos válidos para renovar a camisola amarela conquistada no ano transacto. Todavia, o labor tem de ser constantemente aprimorado, pois todos têm pernas mas só os mais fortes ganham corridas.

Friday, August 18, 2006

A lojinha do Bessa

Jesualdo Ferreira é o novo treinador do FC Porto. Pinto da Costa engraçou com Jesualdo como um presidente de um clube carente de treinador engraça com o que lhe está mais próximo fisicamente. Pinto da Costa observou, gostou, cobiçou e comprou. A sua carteira não tem o poder de satisfazer caprichos, mas lá se vão arranjando uns trocos para uma necessidade premente. No negócio, há que ter olho de lince e ser rápido a tomar a iniciativa, não venha um qualquer novo rico de leste comprar só pelo prazer da ostentação. Um produto sai mais valorizado quando é pretendido por muitos ou quando o possuidor do artigo deseja, com todas as forças e sentimentalismos, mantê-lo. Se, por um lado, o apego a um objecto pode ser legítimo e suficiente para uma intransigência negocial, por outro, pode ser somente manobra de um habilidoso vendedor que procura inflacionar a mercadoria. Não me parece que João Loureiro encaixe em algum destes perfis. Todavia, compreendo a relutância inicial do presidente do Boavista. Certo, é que Pinto e Loureiro disputaram uma inesperada partida de xadrez, jogo em que é necessária paciência. Todos sabem que Pinto da Costa tem um excelente e requintado gosto. A maior prova disso, é a belíssima decoração da sala de troféus do FCP. Ora, também todos sabem que João Loureiro é um excelente comerciante. É daqueles que passa a vida nas marroquinarias, nas feiras e nos chineses, procurando matéria-prima barata e de qualidade. O objectivo é confeccionar bons futebolistas na fábrica da família Loureiro, também conhecida como Estádio do Bessa. Depois de trabalhados, os futebolistas ganham brilho individual e são alvo da cobiça das grandes e ricas lojas expositoras nacionais. Contudo, a lojinha do Bessa é sempre recompensada com um bom lucro dessas vendas. Imaginem o valor de mercado da lojinha axadrezada, se pudesse ter reunido ao mesmo tempo, para consumo próprio, os artigos expostos: Ricardo, Bosingwa, Litos, P. Emanuel, Mário Silva, Petit, Rui Bento, R. Meireles, Timofte, João Pinto e Nuno Gomes. Incalculável o valor de todos estes campeões! Alguns deles, para terem uma maior exposição nacional e internacional, tiveram de abalar do Bessa. Mas todos os boavisteiros sabem que, com os seus futebolistas, a vida é assim. Não estavam, por certo, preparados para a versão treinador. Jesualdo chegou ao Boavista como um profissional brioso no seu ramo. Loureiro encarregou o professor de supervisionar as linhas de montagem do clube. A meta era atingir as competições da UEFA. Porém, no outro lado da Invicta, Co Adriaanse, também conhecido como produtor de laranja holandesa, pensava que ia mandar no pomar dos outros. Não aguentou estar longe do seu e partiu. Pinto da Costa tinha então de recorrer ao (super)mercado. A procura era limitada ao stock existente. Pinto escolheu Jesualdo e teve a paciência necessária para vencer a 'tal' partida de xadrez com João Loureiro. Para Jesualdo, o apelo da marca líder em vitórias em 2005/06, foi irresistível. Jesualdo tem assim a oportunidade de lutar por um sonho antigo: ser campeão. A ele, exige-se que a equipa compre baratas as vitórias e venda caras as derrotas, tanto no plano interno como externo. No poupar é que está o ganho. Afinal, os campeonatos compram-se mesmo no supermercado. Naqueles perto de nós, situados no nosso bairro, à porta da nossa casa. Já alguém se esqueceu de um supermercado chamado "União Desportiva de Leiria"? O cliente que, nessa altura, lá se abasteceu teve razão (mas não de queixa) nas compras e foi...campeão. No fundo, tudo se resume às políticas do negócio. Quanto aos boavisteiros, se quiserem culpar alguém no meio deste processo, o tipo chama-se Co Adriaanse. Eu estou convosco!

Thursday, August 10, 2006

O epílogo de Adriaanse - Parte II

Adriaanse continuava pregando que Hesselink iria resolver todos os problemas da manobra defensiva (perdão, ofensiva) sentidos, por exemplo, no Torneio de Amesterdão. Ele marcaria golos, jogaria com os dois pés, com a cabeça e só não jogava com as mãos porque isso é falta. Mas por muito que o mister falasse, o Hesselink não aterrava no Porto. O avançado holandês estava ainda no congresso do PSD. Perdão, estava ainda no centro de treinos do PSV. Não menosprezem Adriaanse, ele é rijo. Olha ele aí: "Hesselink é um grande avançado, capaz de marcar golos de uma forma simples". Pois, nem o Jardel dos bons velhos tempos diria melhor. Hesselink era tão somente o homem que iria acabar com a fome do Mundo (perdão, de golos). Confirma-se, Hesselink é o D. Sebastião em versão holandesa, com nevoeiro e tudo. Com Hesselink, Adriaanse não precisava de mais nada, detinha em sua posse a equipa perfeita. Com isto, podia especular-se sobre se o atacante holandês não seria também um salvador, ou seja, uma espécie de encarnação de Jesus Cristo. Ali mesmo, no país das tulipas, Jesus Cristo encarnado (do PSV, certo?) e mais ninguém o sabia. Excepto o profeta Adriaanse, claro. Um Jesus Cristo cifrado em 8 milhões de euros (ai se Judas o soubesse!). Mas descobri uma falha em Adriaanse: não aprofundou o suficiente sobre a literatura portuguesa. Estudou a nossa língua e certamente descobriu alguns autores, mas adivinho que nunca leu o poema "Liberdade" de Fernando Pessoa. O homem que, a seguir ao 'special one', foi campeão no Porto não fora tão astuto como parecia. Se conhecesse o poema citado, constataria que Vennegoor "D.Sebastião" of "Jesus Cristo" Hesselink é um embuste. Fernando Pessoa disse-o claramente: "O mais do que isto/É Jesus Cristo,/Que não sabia nada de finanças/Nem consta que tivesse biblioteca..." Caiu a máscara de Hesselink e a de....Adriaanse, que não era o tal profeta que referi, mas sim o próprio Jesus Cristo! Se Adriaanse percebesse de finanças, não seria tão insistente na aquisição do afinal simples e pacato futebolista holandês avaliado em 8 milhões de euros. Por outro lado, se tivesse biblioteca, depressa encontraria os livros da sensatez e da gratidão. E no meio disto tudo, salvam-se os poetas (como Pinto da Costa, claro!). Esses seres incompreendidos por Platão (e mais alguns) emergem sempre à superfície, sem nunca se demitirem das suas causas. Eles têm sempre razão. Em jeito de despedida, deixo mais uma pérola da literatura portuguesa ao mister Adriaanse. Estou certo de que lhe será útil para a sua carreira e para a vida. Previno-o somente para não ler isto durante o almoço ou o jantar, sob pena de ter uma qualquer indigestão ou de estar a fazer esperar alguém. Mister Adriaanse, obrigado por ter feito do Porto campeão, afinal, o clube fez o mesmo por si. Agora que foi embora, o mister bem que podia levar consigo as camisolas laranja que conceberam em sua homenagem. Mister, fique com as palavras do poeta: "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena". Vemo-nos noutra vida!

O epílogo de Adriaanse - Parte I

Co Adriaanse travou, durante as últimas semanas, o derradeiro braço-de-ferro com o presidente Pinto da Costa. Teve azar o holandês, pois foi meter-se com o 'portuga' mais 'batido' nessas andanças. Quando tal, o braço-de-ferro passa a ser designado de "braço-do-Pinto-da-Costa". Tal disputa, deveu-se à vontade de Co Adriaanse em contar no plantel com o avançado da 'laranja mecânica' do PSD (perdão, do PSV) Vennegor of Hesselink. Todavia, depressa se percebeu que o patrício de Co Adriaanse nunca na sua vida iria vestir a camisola mais bonita do mundo. Sim, a camisola não lhe iria servir porque ele era demasiado encorpado financeiramente, filho de abastados burgueses de Eindhoven. Pois bem, se este era demasiado 'gordo', por certo que as atenções se iriam virar para filhos de origens mais humildes. Supunha-se que lá para as terras de Vera Cruz pudesse deambular um abnegado e modesto trabalhador, filho de algum fazendeiro ou de um.....jogador de futebol. Adriaanse não aceitava lidar com mão-de-obra barata. Gentinha pobre e de classe operária, com ele nem pensar. Por isso, insistia nos seus devaneios megalómanos e faustosos. "I want Hesselink" berrava a todo o tempo o mister, qual bebé chorão e mimado que tenta convencer pela insistência. Arranjou, nas figuras paternais dos jornalistas que intermediavam a 'chantagenzinha', um âmparo para o seu desconsolo. O mister rezou o terço, prometeu ir a Fátima às cambalhotas, acendeu velas à Nossa Senhora do Caravaggio e até telefonou a Scolari! Pretendia o contacto do tal padre brasileiro que faz autênticos (ou reais, conforme a moeda) milagres. Mas o Felipão não é 'bôbo'! O seleccionador nacional só revelava a Adriaanse o milésimo segundo segredo de Scolari, se o técnico holandês comprasse um relógio da Federação Portuguesa de Futebol. Francamente, senhor Scolari! Quem é que quer um relógio da Federação Portuguesa quando precisa de um avançado? Coitado do Adriaanse. Parecia que o Mundo inteiro se tinha unido para o tramar. E desta vez nem eram os Super Dragões. Se Carlos Tê não fosse portista, eu diria que tinha feito a música de propósito para chatear o mister Co. Mas o mister era valente. Não era o Mundo que o ia calar. E insistia, insistia, insistia..... gabava as qualidades do avançado holandês como um empresário manhoso e sem escrúpulos tenta convencer alguém a comprar Lisandro, Postiga, Adriano, Hugo Almeida, Moraes e Sokota por Hesselink, que é como quem diz gato(s) por lebre.

Wednesday, August 09, 2006

Áustria de Viena 1-1 Benfica

No "Ernst Happel" de Viena, o Benfica não foi além de um empate a uma bola. E a verdade é que se por menos não merecia, por mais não fez por merecer. A entrada foi apática, cautelosa e sem grandes iniciativas. Fernando Santos cumpriu, mudando para o 4-3-3. A equipa jogou mais aberta, mas nem por isso deixou de passar por dificuldades. Nos primeiros 15 minutos só o Áustria de Viena parecia estar acordado. Apesar disso revelaram-se ineficazes. E na primeira vez que o Benfica abriu a "pestana"......marcou! Na melhor jogada do encontro, Nuno Gomes aproveitou para relembrar Madjer marcando de calcanhar (num toque sublime!). No mesmo estádio, na mesma baliza.....por momentos a glória de 87 do eterno rival foi lembrada. Mas por pouco tempo. Passados 20 minutos, Blanchard fez questão de recordar que estamos em 2006. Com Quim pregado ao relvado, o francês fez a bola entrar directamente para o fundo da baliza. Voltava tudo ao mesmo e até ao intervalo nada mudou. A 2º metade foi mais equilibrada. Enquanto a chama inicial do Áustria se ia extinguindo, o Benfica parecia esperar pela famosa menina que distribui as botijas do gás.... Ainda assim, Petit bem tentou "incendiar" o "Ernst Happel" com uma "bomba" a "queimar caminho", mas na recarga, após defesa incompleta de Safar, Nuno Gomes não repetiu a graça da 1º parte. Mais tarde, Wallner utilizou a mesma "arma" do nº6 do Benfica, mas o desfecho não seria diferente. Marco Ferreira, então já em jogo, desperdiçou a última oportunidade de levar a vitória para Lisboa, quando, após cruzamento de Paulo Jorge, rematou alto de mais. Pouco depois acabaria o jogo. Apesar de tudo, o Benfica ficou mais perto da 'Champions', esperando-se agora uma vitória na 2ºmão, depois de ontem se confirmar que, mais uma vez, Viena não traz grandes recordações.......pelo menos para os benfiquistas.

Thursday, August 03, 2006

O jogo

Indubitavelmente o maior clássico do futebol português(quem tiver dúvidas que viva com elas até ao último dia da sua existência como castigo), o Porto-Benfica é vivido intensamente por qualquer adepto de futebol e até mesmo o adepto mais distraído lhe presta atenção. O Porto-Benfica é um jogo que atravessa várias gerações e mantém o estatuto de clássico. É a glória do presente contra a do passado. O que seria do futebol português sem as longínquas(mas não únicas) conquistas do Benfica? E sem os mais recentes triunfos do Porto? Ninguém sabe! Mas eu suspeito...... O Porto-Benfica é um exemplo do amor à camisola no desporto.
Em suma, o Porto-Benfica é simplesmente o Porto-Benfica.....

O Clássico

O Porto-Benfica é um clássico. Como tal, joga-se todos os dias, a qualquer hora, num qualquer lugar. O Porto-Benfica é uma história de estórias avulsas e colectivas. De vencedores e vencidos. De 'empatas' também. Uma história de campeões. Fama. Títulos, muitos títulos. O mundo. O Porto-Benfica é nacional, mas gladiam-se o norte e o sul. É o confronto entre a pujança de hoje e a de ontem. O Porto-Benfica é um jogo falado. Garrett diz que"os portuenses trocam os 'v' pelos 'b', mas nunca trocam a liberdade pela serventia". Qualquer 'alfacinha' afirma que "Lisboa é Portugal e o resto é paisagem". O Porto-Benfica ainda é do povo, por mais que os governantes do futebol o queiram elitizar. O Porto-Benfica é arte. Cultura. Teatro. Bailado. Paixão. Vício. Tanta coisa.... O Porto-Benfica é de vida ou morte ("ou mais importante do que isso"). O Porto-Benfica é amor e ódio. É aplauso e insulto. Barulho e silêncio. É tudo e nada. O Porto-Benfica joga-se no Dragão; na Luz; no Jamor; em França; na Alemanha; no Luxemburgo; nos Estados Unidos da América; no Brasil; em África; em qualquer lado....onde existam portugueses. Porto e Benfica são queridos inimigos que não vivem um sem o outro. São ambos da mesma casta, feitos de mística. Rivais e....inseparáveis, assim continuarão até ao estádio da eternidade.